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Os ídolos e a necessidade de tê-los

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Mais de vinte anos após a morte de Ayrton Senna, fãs ainda perdem tempo precioso revivendo suas corridas, seus casos amorosos e suas falas, como se fosse um pensador muito sábio. Pelo que podemos enxergar, os ídolos que temos não servem para nada.

E o que é pior, o Brasil, ao contrário de alguns de nossos vizinhos de continente, só tem ídolos no esporte. O exemplo maior é Airton Senna, que morreu há vinte e dois anos, exatamente no dia 1º de maio de 1994, e ainda faz com que os fãs sonhem com suas conquistas. Querem que outros “sábios” o substituam lá nas corridas de automóvel.

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Não deveriam querer ídolos na literatura, por exemplo? Nas ciências? Na política? Ou pessoas que tivessem atitudes relevantes em vez de corruptos por toda parte? Infelizmente os ídolos recentes surgem no poder judiciário, que vêm agindo para punir os demais poderes, aqueles nos quais deveriam despontar as personalidades cultuáveis.

Belchior, um dos maiores, e certamente o mais desprezado dos compositores populares nacionais, discursou há vários anos na canção “Como nossos pais”: ‘nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam, não’. A canção foi lançada em 1976 e já continha uma verdade incontestável: nossos ídolos são velhos e inúteis.

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Vamos comparar com ídolos de outros países da América Latina. Há três anos faleceu Gabriel García Marques, escritor colombiano que viveu muitos anos no México, sendo ídolo máximo nos dois países e em grande parte do mundo ocidental. O escritor é um dos seis ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura no continente.

Os demais ganhadores latino-americanos do Nobel de Literatura, em ordem cronológica, foram: a chilena Gabriela Mistral (1945), o guatemalteco Miguel Ángel Astúrias (1967), o chileno Pablo Neruda (1971), o mexicano Octavio Paz (1990) e o peruano Mario Vargas Llosa (2010).

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A América Latina ainda teve ganhadores em outras categorias. O Nobel da Paz foi concedido a dois argentinos: Saavedra Lamas, em 1936 e Perez Esquivel, em 1980. Ao mexicano Garcia Robles, em 1982; ao costarriquenho Oscar Arias, em 1987, à guatemalteca Rigoberta Menchú, em 1992 e no ano passado ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.

Na Química, um argentino (francês de nascimento) e um mexicano receberam o Nobel: respectivamente, Federico Leloir (1971) e Mário Molina (1996). Na Medicina, tivemos mais três latino-americanos: os argentinos Alberto Houssay, em 1947 e Cesar Milstein, em 1984; e o venezuelano, Baruj Beuacerraf em 1980. São dezessete no total e nenhum brasileiro.

Daí dá pra ver que esses países estão muito mais bem servidos de ídolos, né não? São personalidades que trouxeram contribuições inestimáveis para a cultura universal e para as ciências, construindo obras de tamanha importância que transformaram os autores em ícones mundiais.

E os brasileiros ainda cultuam Ayrton Senna. Que eu me lembre, ele não trouxe nenhum tipo de contribuição para enriquecer a cultura nacional, assim como os milionários jogadores de futebol, também ídolos máximos por aqui, que o país exporta aos borbotões.

Jogadores que fazem muito sucesso lá fora, mas que não foram capazes nem mesmo de chegar à final da última Copa do Mundo de futebol, jogada em casa e com o apoio de toda a torcida. Ou seja, não fizeram o sucesso desejado na hora necessária. Não fizeram o dever de casa.

Afinal, por que precisamos de ídolos assim? Sinceramente, não sei! Mas sei que, na verdade, estamos muito mal de ídolos! Especialmente na política, de onde pipocam mais e mais escândalos envolvendo nomes de projeção nacional.

*José Nário é escritor, engenheiro florestal, especialista em Informática na Educação, Gestão Ambiental e Educação Inclusiva e autor dos livros “Lelezinho, o pintinho que ciscava pra frente e andava pra trás”, “Lelezinho vai à escola” e “Minha janela para o nascente”.

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