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O foguetório de fim de ano ou a melhor maneira de queimar dinheiro público

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jose-narioAlegando dificuldades financeiras, algumas das cidades que mais queimam fogos na virada do ano anunciaram diminuição da festa e até, casos raros, a total extinção da comemoração. Boas notícias, principalmente as últimas, entre tantas ruins neste final de ano.

Todavia, sabemos muito bem, este fato é lamentado por muitas pessoas, principalmente os espectadores assíduos dessas comemorações. Esta atitude mostra que, apesar das dificuldades financeiras pelas quais o país passa, tais pessoas ainda querem ver o poder público literalmente queimando dinheiro.

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E isso mostra também o tamanho da ignorância desses festeiros que reclamam da saúde pública, mas batem palmas para os fogos que espocam nos céus na virada do ano e para os costumeiros shows em praça pública. E reclamam insistentemente quando os mandatários não promovem essas festividades.

É mais ou menos a história do palhaço batendo palmas e morrendo de rir enquanto o circo pega fogo. Ao mesmo tempo em que pessoas morrem nas filas dos hospitais públicos da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, milhões esquecem suas mazelas e aplaudem os fogos na praia de Copacabana.

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Naquela bobagem os administradores locais gastam cerca de oito milhões de reais com a queima de fogos e os shows, valor que melhoraria consideravelmente o atendimento ambulatorial na cidade. Mas essa atitude é devidamente incentivada pelo povo que se junta na praia para assistir e aplaudir.

Em menor proporção isto ocorre pelo país todo, inclusive e absurdamente,em algumas capitais do Nordeste, onde a população convive diuturnamente com várias carências em todos os setores. Hospitais deficitários, ruas sem urbanização, crianças sem escola e corrupção por todo lado.

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Neste cenário bastante incerto, próximo do caos, muitas prefeituras ainda gastam dinheiro público com queima de fogos e shows na virada do ano. O pior é que tais atividades são grandemente reconhecidas como geradoras de corrupção e malversação de recursos públicos.

O mais incrível é que durante a realização dos shows e do foguetório não se ouve ninguém reclamar do transporte público, da fila do posto de saúde ou do pronto atendimento. Muito menos da falta de emprego ou da inflação. É uma alegria, só!

Acho que, afinal, este é mesmo o destino dos palhaços: no fundo, no fundo, todos nós adoramos ver o circo pegar fogo.

*José Nário é escritor, engenheiro florestal, especialista em Informática na Educação, Gestão Ambiental e Educação Inclusiva e autor dos livros “Lelezinho, o pintinho que ciscava pra frente e andava pra trás”, “Lelezinho vai à escola” e “Minha janela para o nascente”.

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