A retirada de árvores da avenida João Pinheiro, em Poços de Caldas, tem causado preocupação e protestos. O Poços Já entrou em contato com a prefeitura e o Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (Codema) para buscar esclarecimentos.
De acordo com o engenheiro florestal Carlos Battesini, da Secretaria Municipal de Serviços Públicos, a remoção das árvores é necessária por motivo de segurança, com o objetivo de evitar novas quedas. Além disso, ele reforça que o solo é inadequado para o crescimento dessas espécies, que não são nativas.
“É uma terra de várzea, se cavar você vai achar uma turfa preta, um solo saturado em água, pouco oxigenado, que tem efeito tóxico para as plantas. Tanto que, em condições normais, naturalmente, não forma árvores desse porte”, explica o engenheiro.
Ainda de acordo com Battesini, essas árvores foram plantadas há cerca de 40 anos. O projeto de revitalização está sendo executado no sentido centro/bairro e a intenção é deixar a paisagem mais parecida com o que já existe do outro lado, no sentido bairro/centro.
O projeto prevê a retirada de cerca de 200 árvores e o plantio de aproximadamente 400. “Quando plantaram essas árvores não tinha esse movimento de caminhões, carros, pedestres, era um lugar tranquilo. Hoje as coisas são diferentes. Vamos tentar aprender com o passado para não cometer os mesmos erros, procurando espécies de menor porte, de árvores nativas, que cresçam com mais saúde”, comenta Battesini.
As árvores que estão sendo retiradas são das espécies figueira benjamin, árvore-do-céu, árvore da China, espatódea e jacarandá-mimoso, entre outras. O replantio inclui cerca de 20 espécies, como araçá-piranga, manacá-da-serra, ipê amarelo do cerrado e ipê rosa anão. Também serão plantadas espécies arbustivas e herbáceas para complementar o paisagismo da avenida.
Codema
O Codema foi consultado pela prefeitura, em novembro de 2022, sobre o projeto de revitalização. De acordo com o presidente Joelmar Lucas de Andrade, o projeto continha um laudo técnico expondo os problemas de arborização da avenida.
A conclusão foi de que o projeto é viável e adequado, mas o Conselho fez sugestões. “Essas ações incluem uma melhor divulgação do projeto, inclusive a realização de audiência pública, ou outro meio de divulgação; uma execução de educação ambiental e que, para reposição das árvores suprimidas naquele local, fossem utilizadas árvores nativas próprias para arborização pública, porque nem todas as árvores são próprias para arborização de vias e calçadas, assim como algumas espécies que estão ali localizadas também não são próprias para arborização do local”, relata o presidente do Codema.
Protestos
A avenida João Pinheiro recebeu um protesto durante a madrugada desta quarta-feira (22). Foram colocadas cruzes em cima dos tocos das árvores retiradas pela prefeitura, mas o material foi recolhido pela Guarda Civil Municipal no início da manhã.
Além disso, o “Movimento Poços de Caldas Viva” está fazendo um abaixo-assinado online contra a remoção de árvores. O documento está endereçado à prefeitura de Poços, ao Conselho do Meio Ambiente (Codema), à Polícia Ambiental, ao Estado de Minas Gerais e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo os participantes do Movimento, a iniciativa ocorreu porque a cidade está perdendo mais árvores do que ganha em plantio, o que provoca a formação de ilhas de calor nos bairros, entre outros problemas (clique aqui para ler a reportagem).
