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Seis foram presos na primeira fase da operação (foto: Mariana Negrini)

A Polícia Civil desencadeou, ao longo do último mês, a Operação Duplicata, que prendeu seis homens acusados de aplicar golpes usando nomes de empresas. Essa é a primeira fase da operação que tem ramificações não só em Poços, mas também em Campestre, São Paulo, Passos, Andradas, Monte Santo, Monte Belo, com prejuízo estimado em mais de R$200 mil.

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O delegado regional, Gustavo Manzolli, explica que as investigações começaram em Poços com levantamentos realizados pela equipe do delegado Cleyson Rodrigo Brene, mas se expandiu para a região, descobrindo os golpes a partir de CNPJ regular e em empresas diversas. “A partir dessa investigação inicial, mais vítimas na região foram identificadas, assim como suspeitos, desencadeando uma operação integrada de modo a iniciar o desmantelamento da organização criminosa”, esclarece.

Com isso, inquéritos estão sendo instaurados em todas as cidades onde ocorreram os golpes, só em Poços são três, inclusive o que liga todos eles. O  delegado regional ainda pontua que outros crimes podem ser revelados a partir das prisões. “Por isso é importante que caso mais alguma empresa tenha sido vítima do bando procure a Polícia Civil e deixe de considerar o fato como um mero desacordo comercial, onde as vítimas entendem que podem se socorrer na área cível para as providências. Quando se tratar dessa quadrilha, elas devem procurar a delegacia porque este fato tem que ser regularmente apurado e levado às malhas da justiça”.

Delegados acreditam que mais empresas podem ter sido vítimas (foto: Mariana Negrini)

Operação

O golpe dos criminosos  consiste em adquirir ou se utilizar  de uma pessoa jurídica para comprar o máximo possível, a prazo, e revender essas mercadorias por um preço mais baixo. “Essa quadrilha utilizou um CNPJ da cidade de Passos e quando essas duplicadas começaram a vencer e não foram pagas, migraram para o CNPJ de um terceiro de boa fé, uma papelaria, de Poços de Caldas. Foi quando soubemos do caso e demos início às investigações”, explica o delegado Cleyson Rodrigo Brene.

Com o caso em estudo foi montada uma campana em uma loja de revenda de pneus, no dia 31 de outubro, quando foi preso em flagrante Rodrigo Piva Veronesi e Marcos Antônio da Silva, que estavam realizando serviços em veículos no valor de R$ 2 mil e assinando as promissórias em nome da papelaria.

A partir daí os demais envolvidos no esquema foram sendo revelados: Sidney de Souza Delfino,  que vendeu a pessoa jurídica para terceiro realizar os golpes, recebendo parte das mercadorias compradas, sendo a regularização do procedimento efetivada por intermédio de um contador, Pedro Joaquim de Souza, de Passos, e Josué Faria Nogueira, que confessou a participação na trama criminosa, esclarecendo a dinâmica das compras, afirmando que trabalhava para Rodrigo.

As compras eram diversas, o delegado acredita que elas já acontecem há bastante tempo, mas contabiliza compras significativas como R$ 90 mil em sementes em Monte Santo e R$ 50 mil em bolachas na cidade de Andradas. A quadrilha comprou ainda pneus e peças automotivas, papel sulfite, bolachas e alho. Na operação foi possível recuperar pneus e peças.

Pneus e peças foram recuperados (foto: Polícia Civil)

Participaram das diligências o delegado Cleyson Brene, os investigadores Sinval, Nicole, Fillipe, Clayton, Bárbara, Paulo Silva e Daniel e o escrivão Paulo Emílio, com apoio da polícia de Passos, da equipe do delegado Marcos Pimenta.

Envolvidos

Para a imprensa os acusados tentam se inocentar ou diminuir suas culpas. Rodrigo diz que apenas foi até a loja para levar o carro de um terceiro suspeito. “Levei o carro para fazer revisão e fui preso. Sobre os pneus de antes, me pediram para levar ao contador e para o Sidney”, esclarece. Ele vai além e aponta quem seria o chefe da quadrilha e  afirma que sabe mais coisas, porém, para revelar quer proteção e segurança. “Não pegaram nem 2% ainda, sei de muita coisa”, afirma. “Eu sabia que tinha coisa errada, e agora sinto vergonha de estar aqui”, acrescenta.

Já o contador, Pedro, diz apenas que cuidava da empresa do cliente e que antes que ele pudesse solicitar a documentação ocorreu a operação. Questionado se era comum ele receber produtos como pagamento, ele nega. “Não faço a mínima ideia do que acontecia, a empresa operou por 20 dias, eu acho, nesta situação e não deu tempo de comprar a primeira documentação. Sou contador de várias empresas, mas meu nome tava lá. Eu precisava de pneus e aceitei”, pontua.