Nair da Costa Alquéres nasceu em 1931 em Campestre e foi para Poços de Caldas nos anos quarenta para fazer o curso ginasial. Estudou no curso de Normalista do Colégio Jesus Maria José, até hoje um dos mais tradicionais da cidade. Deixou sua marca em Poços de Caldas dos anos cinquenta, onde quase todo mundo se conhecia, e projetou-se como educadora. A escola da qual foi professora já não existe mais. Chamava-se Colégio Dona Mariazinha, era um centro educacional importante e reconhecido pela excelência do seu ensino. Eram tempos áureos.
Naquela época, liderava seus alunos nos desfiles de 7 de setembro na Rua Assis Figueiredo, momento eletrizante que a população da cidade acompanhava com alegria e emoção. Outro episódio marcante, que descrevia com seriedade, aconteceu na noite do dia 24 de agosto de 1954, quando Getúlio Vargas se suicidou. A notícia só chegou no dia seguinte e Nair estava na sala de aula com seus alunos quando a própria D. Mariazinha entrou com o aviso. A comoção no Brasil foi gigantesca e Nair acolheu pais e estudantes para enfrentarem o fato tão doloroso para o país.
A vocação como educadora estava no DNA de sua família. Nair e seu irmão Jesus Bernardino da Costa, também professor, eram adorados pelos alunos, pais e pelo corpo docente das escolas onde lecionavam. Os dois influenciaram positivamente a formação do caráter e o saber de várias gerações daquela época. Em 1967 mudou-se para São Paulo com a família e continuou firme, sempre ensinando, agora pelo exemplo e garra.
Há pessoas que deixam uma marca indelével na sua passagem pela terra. Nair da Costa Alquéres foi uma delas. Bondosa, tinha uma imensa confiança no ser humano, valorizava e gostava das pessoas. Tinha uma alma leve, não cultivava sentimentos como ódio ou rancor. Entendia a família como o mais importante núcleo e esteio da sociedade. Foi o polo agregador de sua família, constituída por seu marido Hubert Alquéres Baptista e seus três filhos: Hubert, Márcia Maria e Carlos Alberto. Aos três deu uma formação humanista, moldando o caráter e os valores que cultivam até hoje.
Leitora voraz, gostava de estar sempre atualizada por meio de jornais e revistas. E adorava ensinar: desde receitas culinárias a cuidados com a saúde. A honestidade foi um traço definidor de seu caráter, valor que transmitiu aos filhos. Atenta aos ventos da mudança, acompanhou a evolução do papel da mulher na sociedade moderna, sendo uma referência para todas as mulheres da família.
No último, sábado 11 de maio, Nair, aos 92 anos, encerrou sua passagem pela terra. Foi para o infinito serena, tranquila, como sempre se mostrou a todos. Uma dura perda para Hubert, Márcia, Carlos, suas três netas e o bisneto Joaquim, que se preparavam para festejar em família, no domingo, o Dia das Mães. Em meio à tristeza por sua partida, deixa um legado valioso, seu exemplo, que merece ser lembrado e reverenciado.
Mineira como Nair, Adélia Prado afirmou: “Eu não sei o que é, mas sei que existe um grão de salvação escondido nas coisas desse mundo”.
Nair da Costa Alquéres foi um desses grãos. E nos ajudou a perceber outros tantos.