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Nascemos para o gozo, o regozijo. Nascemos para o otimismo. Não deveria ter espaço em nós, nada que acinzentasse o olhar ou a esperança encravada nele. A vida é avidez do amor. O amor que não se cansa de pregar nos desertos de nosso coração. O amor que apesar desses janeiros e fevereiros, até aqui nublados, segue com seu cajado peregrinando pelos solos áridos das tristezas que nos assolam.

Ainda que rompam criminosamente as barragens; ainda que naufraguem nas chuvas as almas mais condoídas; ainda que inadvertidamente se incendeiem boates e alojamentos, sigamos – e devemos seguir – acreditando na fartura da bondade. A vida nos chega sempre farta todo dia, e fartura é despensa cheia! Não importa cheia de quê. De aperto de mãos, de sorrisos, de vontade de continuar. Cada um abastece a própria despensa da maneira que melhor lhe convier. Outros preferem os sótãos e os porões. Enfim…

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Sei que tudo isso pode parecer um querer “romantizar a dor”. Talvez seja apenas tentar entender que o avesso também faz parte do tecido e que a evolução pela qual todos passamos, desde quando colocamos nossa cara nesse planeta, continuará nos apresentando tesões e lesões, primaveras e geadas, porque precisamos disso tudo! E quando, um dia, entendermos que a Divindade é sempre boa e que a maldade é criação nossa, estaremos parando de engatinhar e, quem sabe, nos colocando eretos, tentando caminhar sem que ninguém precise segurar em nossas mãos.

*Pedro Bertozzi é radialista, apresentador de TV e músico