Existe uma Poços de Caldas que muitos parecem não ver, nem valorizar. Além de nossa indiscutível beleza natural, a cidade tem a oferecer ar puro, água, energia elétrica, transporte público, boas escolas, entidades assistenciais, saúde e infraestrutura adequada.
Existe uma Poços de Caldas, que muitos vivendo apenas com o olhar na área central ou em bairros próximos, parecem também não enxergar. Aqui existe muito Desemprego, drogas, criminalidade crescente e um fosso social estatisticamente mensurável: cerca de 50 mil pessoas excluídas e marginalizadas por fatores socioeconômicos.
Então, quando falamos que moramos em Poços, sobre qual cidade estamos nos referindo?
Sim, a Poços do “cartão postal” continua existindo e as nossas belezas e qualidade de vida ainda encantam turistas e cidadãos. Porém, é preciso ampliar a nossa visão e com uma lente grande angular, ver a cidade em 360 graus. Já não dá mais para enaltecer as rosas, sem perceber os espinhos.
Nossos problemas sociais crescem a cada dia e, invariavelmente, jornais, portais de notícias, emissoras de rádio e televisão, nos reportam fatos que anteriormente não aconteciam com tanta frequência. Somente nos últimos dois anos, os casos de adolescentes envolvidos com drogas cresceram em 25%. Neste último mês de maio, tentativa de homicídio aumentou em 40%, roubo em 13% e estupro em 200%.
Enfim, viver aqui é reconhecer, valorizar e agradecer por tantos privilégios que a maioria das cidades brasileiras não possuem, sem esquecer da existência de muitos cidadãos que não têm sequer acesso aos recursos que o município oferece.
Poços de Caldas é um lugar com a cara do Brasil, onde um “norte/nordeste” convive em situações diametralmente opostas ao “sul/sudeste”.
Qualquer visão que não reflita esta realidade estará com certeza míope e distorcida.
*Wiliam de Oliveira é jornalista, professor universitário, escritor, palestrante e consultor de marketing empresarial.