Uma das maiores estrelas do humor brasileiro nasceu no Carnaval poços-caldense. Em entrevista exclusiva para a Seleções Carnavalescas, Nany People conta histórias que marcaram sua vida.
A atriz afirma que tem todas as referências do Carnaval de Poços. Essa trajetória começa nas matinês da Caldense, depois passa para os divertidos blocos de rua, chega aos glamourosos bailes do Palace Casino e alcança o clímax na passarela do samba. Em 2013, a comediante foi homenageada pela escola de samba Vivaldinos da Vivaldi em um desfile campeão e inesquecível.
Influenciada pela mãe, Dona Ivone, Nany sempre gostou de festejar e celebrar a vida. No ano de 1976 até ganhou o prêmio de melhor folião mirim na matinê da Caldense. “Eu cantei no Chacrinha muito cedo, peguei um dinheiro que ganhei no concurso de calouros e fui comprar um tecido. Dona Maria Colombo fez uma roupa de árabe pra mim, de beduíno, e eu fui na matinê”, lembra.
Outro momento marcante ocorreu no início dos anos 80, quando foi convidada pela atriz Deborah Soares a participar de um bloco de rua. Era o Sociedade Manicômica que, como recorda Nany, “zoava todo mundo” e acontecia na Rua Barão do Campo Místico.
Nesta época, Nany estava ensaiando uma peça de teatro com a diretora Nicionelly Carvalho, a Nicinha. Inspirada pela personagem Lucrécia Bórgia, ela montou seu próprio figurino e foi para as ruas. “Eu lembro que já queria um leque, por causa do calor, mas eu não tinha dinheiro pra comprar. A Nicinha fazia muita alegoria pra escola de samba, ela morava na Rua Rio de Janeiro e o barracão dela tinha tudo. Eu peguei um pedaço de isopor, enchi de cola, joguei brocal em cima e escrevi com pastilha ‘Tributo a Lucrécia Bórgia’, com vestido preto. No ano seguinte eu saí de amante do ‘Tancrédo’ (risos).”
Foi neste momento que Nany People emergiu. “Eu resolvi sair pela primeira vez de mulher, aos 18 anos, no Carnaval em Poços de Caldas. Então, posso dizer que a Nany People nasceu na Barão do Campo Místico”, declara.
Antologia
As histórias da foliã Nany People poderiam render um livro, filme ou série. Como ela mesma diz, “O Carnaval de Poços é antológico. Eu estava fazendo show em Portugal e umas quatro ou cinco pessoas vieram falar comigo que os pais passavam o Carnaval em Poços de Caldas.”
Ela se preparava para curtir a festa nas ruas e jamais ficava por baixo. Com direito a maquiagem e figurino, Nany lembra que se montava e chamava atenção: “Eu me achava a Luma de Oliveira à frente da bateria (risos). Morava na Rua Marechal Deodoro e o povo ficava na janela pra me ver descer. Eu já fazia e acontecia, o povo entrava na brincadeira.”
Em uma das ocasiões, o figurino foi especialmente chique. Mesmo sem dinheiro, ela comprou um colar de strass em São Paulo (SP) e usou um vestido inspirado na vilã Maria de Fátima, vivida por Glória Pires na novela Vale Tudo. “Eu não tinha dinheiro pro refrigerante, mas estava com um colar de strass belíssimo”, comenta gargalhando.
Assim como levava sua energia para as ruas, Nany também frequentava os bailes do Palace Casino. Foi ali que viveu grandes momentos. Em uma dessas noites, se emocionou quando foi beijada nas galerias, onde há muitos anos sonhava estar. Outra vez o desfecho não foi tão mágico, mas igualmente memorável: “Todos os melhores momentos da minha vida eu vivi naquele salão. Os melhores Carnavais foram ali e a maior muvuca também. Teve um Carnaval que o cara resolveu me pegar e me beijar na frente de todo mundo. Foi um Deus nos acuda, os amigos não gostaram, parou a banda, queriam bater nele, me joguei na frente, parou o baile, acabou o baile, aquele pega-pega, eu falei ‘entra no meu carro’. Teve do chique o choque ali no Palace!”
Ainda tem mais: Nany se lembra com muito carinho do período em que apresentou o Miss Gay, evento que teve diversas edições no Palace. Da última vez, ela levou a cantora e transformista Rogéria para participar. “No ano que minha mãe faleceu, no leito de morte, ela disse: ‘Vai ter o Miss Gay e você vem apresentar. As pessoas gostam muito de te ver, as pessoas gostam muito de você. Você está em casa, as pessoas vão pra te abraçar’. Apresentei muito o Miss Gay”, relata Nany.
A maior emoção
“A Vivaldinos cantou, o Ibope subiu, vai dar audiência em todo o Brasil. A nossa estrela do palco e TV, Nany People, esse samba é pra você!”, diz o samba vencedor do Carnaval 2013. Foi assim que a Vivaldinos da Vivaldi enfrentou a forte concorrente Saci-Pô e fez história.
A comediante lembra que a diretoria da escola teve muito cuidado para a elaboração do enredo. As alas, fantasias e carros alegóricos tinham significados importantes.
Acompanhada das representações de Nicinha e Dona Ivone, ela brilhou. “Tenho tanta gratidão que guardo o leque até hoje, com a música, que foi dado na avenida. Eu estava com a roupa toda de pérolas e saí quase sem roupa, porque as pérolas voaram! Eu fiquei doida, foi a maior emoção da minha vida”, pontua Nany.
Durante a entrevista, Nany ri. E ri de novo. Depois, mais um pouco. Entre gargalhadas e olhos brilhantes, ela conclui: “Eu tenho um carinho muito grande pelo Carnaval de Poços. Não estou nem falando dessa parte da luxúria, que veio depois. Antes era só pelo fervo.”
O post Nascida no Carnaval, Nany People conta histórias de foliã apareceu primeiro em Poços Já – Divirta-se | Notícias de turismo, eventos, gastronomia e lazer de Poços de Caldas (MG).