O ato “Nem uma mulher a menos”, contra o feminicídio, aconteceu no fim da tarde e início da noite desta quinta-feira (17), em Poços de Caldas. A manifestação ocorre sete dias depois da morte da artista plástica e estilista Alessandra Vaz e da produtora ruralDaniela Mousinho, assassinadas pelo ex-companheiro de Alessandra, Rodrigo Marotti, em Nova Friburgo (RJ).
A concentração ocorreu no Terminal de Linhas Urbanas, onde foram confeccionados cartazes e faixas. O grupo passou em silêncio pela rua Assis Figueiredo até a esquina com a rua Prefeito Chagas, onde foram realizadas homenagens às mulheres vítimas de violência.
Em um dos momentos mais marcantes do ato, a irmã de Alessandra, Andresa Vaz, cantou a música “Como nossos pais”. Os manifestantes ergueram rosas e entoaram juntos a canção de Belchior. “Nossa motivação é transformar a dor em luta. Por mais que a gente tente demonstrar o tamanho da dor, nada chega próximo ao que a gente sente. Não dá para ficar sentada no sofá chorando, então a gente tem que lutar para que nenhuma outra família sinta, de maneira nenhuma, o que nós estamos sentindo neste momento”, comentou Andresa.
O protesto então seguiu para a loja que era de propriedade de Alessandra, onde foram acesas velas e deixadas as rosas. Nos dois pontos de parada foram lidas poesias feitas por amigos e familiares da vítima, além de intervenções teatrais sobre o tema.
Durante todo o trajeto foram entregues panfletos com informações sobre feminicídio no Sul de Minas e as motivações do protesto. Entre os assuntos abordados está a vinda do goleiro Bruno, que mandou matar a modelo Eliza Samudio, em 2010, para o Poços de Caldas Futebol Clube. “O goleiro Bruno saiu da prisão, réu confesso, não demonstrou nenhum tipo de arrependimento, sequestrou, manteve em cárcere privado, matou, esquartejou, e a população está aí batendo palma, tratando ele como se fosse ídolo”, argumentou Édna Leite Ramos, que faz parte da organização do protesto.
Rodrigo disse à polícia que o motivo dos assassinatos foram discordâncias na dissolução da sociedade entre Alessandra e ele, pois tinham uma empresa juntos. Para a irmã da vítima, é importante salientar que a violência pode ocorrer com qualquer mulher. “O Rodrigo, que cometeu o crime, era uma pessoa bonita, atraente, falava bem. Eles tinham discussões de casal e isso é muito importante de ser dito: muitas vezes, o casal discute e tem agressões físicas e verbais e acha que é normal. A minha própria irmã deveria achar que era normal, porque ela amava ele, mas não é. Eu sou casada há 21 anos com o mesmo homem e ele me trata com todo o respeito do mundo, nunca de maneira anormal. O primeiro amor é o próprio e amor por um ser que te xinga de palavras de baixo calão, te faz pressão psicológica ou qualquer coisa desse tipo, não é amor. Ela já tinha dado um basta na relação e agora queria dar um basta na sociedade, mas isto ele não aceitou. Ela morreu por amor, ele matou por dinheiro”.