O amor pela vida ao ar livre motivou Mário Terra na escolha da carreira de biólogo. “Desde novo tive esse interesse em andar no mato, escalar. Quando fui escolher a profissão, levei tudo isso em consideração e pensei ‘Por que não conciliar essas duas coisas? Escolher um trabalho em que eu possa permanecer nesse ambiente?’ Foi o que me levou a cursar ciências biológicas em 2002”, conta.
Apesar de iniciar ali a realização de um sonho, Doutor Terra, como hoje é conhecido, não parou por aí. Após concluir a graduação, mudou-se de Poços de Caldas para Manaus (AM), onde esperava encontrar maior biodiversidade. “Naquela época fui na doideira, porque não tinha nada planejado. Chegando lá, consegui um estágio, depois consegui passar no mestrado e trabalhei um tempo em São Gabriel da Cachoeira, no alto do Rio Negro”.
A paixão pelo trabalho também o levou a outros lugares e experiências. Uma das principais aconteceu no Parque Nacional do Pico da Neblina, onde conviveu com indígenas de várias etnias. Também descobriu novas espécies para a ciência e até ‘ressuscitou’, como ele mesmo diz, plantas que eram consideradas extintas, em uma viagem que fez do litoral do Rio de Janeiro até Pernambuco. Concluiu doutorado e pós-doutorado e viveu em vários lugares como Suécia e Nova Iorque. Além de viajar para Lapônia, Rondônia, Acre, Peru e Bolívia e ter se tornado professor universitário.
Expedição
Em 2016, a convite de um amigo e biólogo, Mário participou de uma expedição em busca de novas espécies. Na ocasião, a ideia era que uma empresa filmasse o dia-a-dia de profissionais que trabalham com pesquisas e criasse um documentário. “Tivemos oportunidade de ir para áreas mais remotas da Amazônia, como a Serra da Mocidade. Para isso, foi firmada uma parceria entre a empresa, o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e o Exército. As filmagens eram levadas de helicóptero, tudo isso foi facilitado pelo Exército”, afirma.
Depois de pronto, o material foi oferecido para várias emissoras nacionais e internacionais, entre elas a BBC de Londres. O documentário inicial acabou sendo transformado num filme que será exibido no segundo semestre, ainda sem data definida, no Brasil e em emissoras internacionais. “O resultado desse trabalho são vários registros novos para o Brasil. Isso vem desde não só plantas, mas também alguns animais, passarinhos, cobra, lagarto e outros”, finaliza.