Após o intervalo para o almoço, o júri do Caso Andréa foi remontado, e a terceira testemunha ouvida. Tanara Araújo Almeida confirmou as informações prestadas por ela em depoimento, dos problemas no relacionamento da irmã com João Batista dos Reis e do quanto a família vem sofrendo desde a morte da servidora.
Na parte da manhã, o júri teve o depoimento de dois policiais do Departamento de Operações Especializadas (Deoesp), que relataram como foram as investigações, como conseguiram provas e chegaram aos suspeitos e suas prisões.
Após o intervalo, os trabalhos retornaram com o depoimento de Tanara, irmã da vítima, que falava com Andréa quando os pistoleiros a sequestraram na porta do trabalho. Tanara se sentou de frente ao juiz e ao lado dos réus, e ouviu a leitura dos depoimentos que prestou à polícia desde a fase inicial das investigações e confirmou tudo que disse anteriormente.
Em seguida, o Ministério Público apresentou alguns questionamentos. Neles, Tanara respondeu sobre o relacionamento da irmã e do ex-cunhado, falou que o casal se separou após alguns desentendimentos no final do relacionamento, mas que até então ambos sempre foram apaixonados um pelo outro. Ao ser questionada sobre como ficou após o crime, Tanara chorou e afirmou que estava destruída, assim como sua mãe que segue abalada com a tragédia.
O advogado Antônio Sérgio Altieri De Moraes Pitombo, que defende João do Papelão, fez alguns questionamentos sobre o relacionamento de seu cliente com a vítima, e também dos familiares dela com ele. Questionou sobre o fato de ele ser um homem trabalhador, o que foi confirmado pela testemunha.
Com o fim do depoimento de Tanara, a quarta testemunha de acusação foi chamada. Ela, no entanto, solicitou a retirada dos réus do plenário. O que foi atendido.
O depoimento das testemunhas segue sendo colhido. Ao todo, foram arroladas 15 pessoas. A previsão é que a sessão do júri não termine hoje e os depoimentos sigam até às 21h e sejam retomados amanhã às 8h30.
Procedimentos
Após ouvir as 15 testemunhas, o juiz irá passar a ouvir os réus. Os cinco poderão dar suas versões sobre o crime. A população aguarda o depoimento de João do Papelão, que até agora não falou nada, a não ser quando se apresentou, ainda na fase de investigação, negando que tivesse envolvimento com o crime. Os pistoleiros também são aguardados para saber se seguem confirmando o crime, como aconteceu durante os interrogatórios ou vão negar, como já fizeram ao longo do processo.
Ao final da fala dos cinco réus, haverá a sustentação oral por parte da acusação e das defesas. Após a fala do promotor, os cinco advogados terão aproximadamente três horas e meia, divididas entre eles, para apresentar a defesa de seus clientes aos jurados.
Ao final da sustentação abrirá espaço para réplicas e até mesmo tréplicas. Na sequência é feita a votação dos quesitos pelos jurados. São perguntas que eles vão responder de acordo com aquilo que concluíram do que lhes foi apresentado. As respostas deste questionário é que vão levar à decisão da condenação ou não dos réus, de forma individual.
A partir das respostas, o juiz faz a dosimetria das penas ou a absolvição de cada réu. Especialistas da área criminal acreditam que o júri deve terminar altas horas da noite de sexta-feira ou ainda no sábado.
Caso Andréa
A funcionária pública Andréa Araújo de Almeida, de 34 anos, foi encontrada morta em janeiro de 2014, dias após ter sido sequestrada na porta do trabalho. A morte teria sido encomendada pelo empresário João Batista dos Reis, conhecido como João do Papelão, ex-companheiro da vítima. Pelo crime, o homem teria prometido o pagamento de R$ 50 mil.
De acordo com as apurações da Polícia Civil, Andréa teria sido abordada por dois dos seus executores no início da noite de 15 de janeiro, quando seguia em seu carro pela rua Bolívia, no Bairro Jardim Quisisana, a caminho de casa. Na ocasião, ela conversava com a irmã ao telefone, que chegou a ouvir a voz dos autores, que diziam: “Para o carro, isso é um sequestro. Você vem com a gente!”.
O veículo foi abandonado no local da abordagem, sendo o celular e a bolsa de Andréa localizados em uma plantação da fazenda Manacá, na Zona Rural, alguns dias depois. No dia 23 de janeiro, um crânio e parte de uma ossada humana foram encontrados em meio a um cafezal localizado distrito de Palmeiral, município de Botelhos, a cerca de dois quilômetros da área onde o celular e a bolsa da vítima foram achados.
O material foi recolhido pela perícia e encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) e ao Instituto de Criminalística, em Belo Horizonte, para a realização de exames de DNA, confirmando que a ossada era da funcionária pública.
As investigações avançaram e as provas apontavam que além de João do Papelão, Ednilson Martins de Souza, o Paulista, de 40 anos; Luciano Monteiro Santos, o Galego, 42; Márcio da Silva Santos, conhecido como Negão, de 31; e Liliane Gonçalves da Silva, de 33, esposa de Paulista se envolveram no crime e foram indiciados.