Representantes de órgãos de segurança, estaduais e municipais, participaram nesta quarta-feira (26) de uma audiência pública para discutir questões ligadas ao tema. A sensação de insegurança da população e as constantes informações de crimes motivaram o vereador Antonio Carlos Pereira (DEM) a solicitar a reunião, que foi aprovada por unanimidade e realizada na Câmara Municipal.
Segundo Pereira, as ocorrências presenciadas na cidade e o aumento de crimes contra pessoas, assaltos, arrombamentos e furtos motivaram o pedido. “Como a Câmara é quem tem a responsabilidade de legislar e ouvir a população, procurou abrir esse espaço para discussão, para contribuir e sair dessa audiência com propostas interessantes para dar mais segurança à população. Respeitamos o trabalho das polícias Civil e Militar, mas entendemos que o tema precisa ser discutido”, pontua.
O delegado regional da Polícia Civil, Sérgio Elias Dias, o comandante do 29° Batalhão de Polícia Militar, tenente coronel Sandro Wesley de Oliveira, e o secretário municipal de Defesa Social, Marcos Sansão, responderam os questionamentos dos presentes. Os representantes de órgãos estaduais pontuam que estão atuando de forma repressiva, mas que algumas questões referentes a legislação dificultam o trabalho, além de destacar que este tipo de ‘encontro’ propicia uma maior interação e divulgação do trabalho.
“É importante esclarecer a população, por intermédio da Casa do Povo, a Câmara, com relação às questões de segurança pública, porque muitas vezes as pessoas só veem o que acontece ao seu entorno e não sabem o que acontece por aí. Então a Polícia Civil tem divulgado seus trabalhos, assim como a Polícia Militar, para que a população, e até os vereadores, não fiquem sem essa informação”, comenta o delegado. “A Polícia Civil conta com policiais vocacionados, mas temos dificuldades com relação a legislação. Nos casos de furto, por exemplo, o crime é de médio potencial ofensivo e o delegado acaba tendo que arbitrar a fiança do autor, preso em flagrante. Além disso, conseguir um mandado de prisão preventiva nestes casos é extremamente difícil. É um grande desafio e precisamos motivar o nosso pessoal para atuar nestes casos porque várias vezes a gente prende hoje e amanhã o cidadão já está solto”, acrescenta.
O comandante da PM explica que assumiu o cargo há dois meses e neste período tem trabalhado para entender como a questão está funcionando, além de adotar medidas para coibir furtos e roubos. “Recentemente lançamos um site para proteção dos aparelhos celulares, objetos que são subtraídos na maioria dos casos, por serem fáceis de serem levados e trocados por drogas, então a partir do cadastro destes aparelhos é possível que em abordagens de suspeitos e localização de aparelhos sem origem comprovada, consultarmos o IMEI destes e saber quem é o proprietário do aparelho”, explica o tenente coronel.
Já sobre a insegurança sentida pela população, o comandante explica que não gosta de pontuar questões estatísticas por ser algo muito frio. “Quando eu falo que aumentou de um para dois, é pouco. Mas esse dois, quem é a vítima? Não gosto de trabalhar com números, mas o que temos hoje é um aumento de 6% nos casos de roubos, em comparação com o mesmo número do ano passado”, explica.
O tenente coronel alerta sobre um fato preocupante ocorrido no ano passado e que pode estar impactando diretamente nos números atuais. Segundo ele, foram colocados em liberdade cerca de 130 detentos de Poços de Caldas, que estavam no presídio de Três Corações. “A gente percebe que muitos destes retornam para a cidade e reincidem na pratica criminosa”, esclarece.
Mais do que uma legislação cheia de brechas, o tenente coronel lembra que muitas das vezes é a falta de aplicação que gera transtornos e reincidências. “Se a legislação fosse cumprida seria interessante para gente. Um exemplo disso é que temos casos de menores de idade que já tiveram 40 passagens e seguem na prática criminosa por não termos um centro educativo e de internação para esses menores, que deveriam estar recolhidos. São vários casos deste tipo”, ressalta.
A segurança em praças e parques municipais, responsabilidade da Guarda Municipal, também tem recebido atenção especial. O secretário de Defesa Social ressalta que o município tem traçado ações, inclusive já com andamento de operações em praças. “A maior demanda da população é de que as praças sejam devolvidas para os munícipes e turistas. Por isso a Guarda Municipal tem realizado a Operação Praça Segura, além de batidas rotineiras”, enfatiza.
Sansão pontua ainda que a presença dos guardas nestes espaços públicos afasta o tráfico, mas este é o primeiro passo para um trabalho mais complexo, que vai contar inclusive com um canil e com vídeo monitoramento na área central e nas principais vias de acesso.