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Materiais coletados são analisados pela PCMG e cadastrados em base de dados nacional (foto PCMG)

O trabalho recente da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) garantiu ao Estado protagonismo na investigação criminal e solução de casos de desaparecimento. Nos últimos quatro anos, 21 mil amostras foram inseridas no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG) por meio do Laboratório de DNA do Instituto de Criminalística, consolidando Minas Gerais como o maior banco de perfis genéticos do país. Ao todo, estão cadastradas, atualmente, 24 mil amostras no Banco de Perfis Genéticos de Minas Gerais (BPG-MG).

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O cadastro de perfis genéticos atende a requisitos legais. No campo da investigação criminal, os materiais inseridos no BNPG incluem, em sua maioria, os provenientes de vestígios coletados em locais de crimes e de vítimas de crimes sexuais, além de pessoas condenadas criminalmente, conforme previsto na Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984) – crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou crime sexual contra vulnerável.

Há, ainda, perfis genéticos de familiares de pessoas desaparecidas para serem comparados com restos mortais não identificados. Nesse caso, ressalta-se que a análise é feita exclusivamente para a identificação de desaparecidos, conforme previsão legal, sendo vedada para outras finalidades, como para os casos com objetivos criminais.

A PCMG faz parte, ao lado de outros 21 Estados, da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), que reúne 175,5 mil amostras. Pelo terceiro ano consecutivo, Minas Gerais alcançou o primeiro lugar em número de inserções, em valores absolutos, no Banco Nacional de Perfis Genéticos na categoria “Identificação Criminal”. A homenagem foi entregue no último mês de novembro, durante a Conferência Anual da RIBPG, em Brasília.

O destaque de Minas Gerais no cenário do país, segundo o administrador do BPG-MG, perito da PCMG Giovanni Vitral Pinto, é resultado de uma somatória de esforços, como a parceria da Polícia Civil, por meio dos setores de perícia criminal e medicina legal na capital e no interior, com o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), para a execução do projeto de coleta de material biológico de condenados em presídios mineiros e envio ao Laboratório de DNA, onde ocorre a análise e a inserção no banco.

Solução de casos

O esclarecimento de autoria de um crime sexual, em Passos, sul de Minas, está entre os 160 casos que o BPG-MG reúne com resultados que auxiliaram investigações, como informa o perito criminal Bruno Diniz Sander Morais, administrador substituto do Banco de Perfis Genéticos de Minas Gerais. O fato ocorreu em abril de 2014, quando uma mulher, de 67 anos, foi estuprada e morta no município.

O material coletado no corpo da vítima foi analisado e o perfil genético de um indivíduo do sexo masculino inserido no banco. “No primeiro momento, não foi observado resultado positivo [match], porém, com o projeto de coleta de amostras de condenados, inserimos no banco o perfil genético de um condenado que coincidiu com o material encontrado na vítima”, conta Bruno Morais ao informar que a elucidação se deu seis anos após os fatos, em maio de 2020.

Compartilhamento

Da mesma forma, Minas Gerais já contribuiu para o esclarecimento de crimes em outros Estados, como é o caso de um condenado que estava recolhido no sistema prisional em Paracatu (MG) – onde houve a coleta de material genético e posterior inserção no Banco de Perfis Genéticos – suspeito de estuprar e matar uma jovem em Brasília (DF). A ferramenta também tem colaborado para a solução de desaparecimentos, a exemplo do fato envolvendo uma adolescente, de 16 anos, que desapareceu na cidade de Nova Serrana, região do Centro-Oeste mineiro.

O perito Bruno Morais observa que a campanha nacional de coleta de amostras de familiares de desaparecidos, realizada em 2021, possibilitou que pessoas no estado de Alagoas, que procuravam a jovem em Minas, doassem material.

“O banco identificou o vínculo genético entre uma ossada analisada pelo Laboratório de DNA da PCMG e os referidos familiares de Alagoas. Quando procedemos todas as análises de confirmação, conseguimos identificar a jovem que havia desaparecido há aproximadamente dez anos”, detalha.