Aos 19 anos, o estudante Lucas Mezione conseguiu uma bolsa de estudos na Coreia do Sul, onde vai estudar biologia pelos próximos cinco anos. “Meu curso é mais focado em ecologia e meio ambiente. Lá na Coreia não tem uma biologia geral, é separado em biotecnologia, ecologia e meio ambiente, são setores diferentes”, explica.
O jovem, que sempre estudou na rede pública e fez o Ensino Médio na Escola Estadual David Campista, de Poços de Caldas, se apaixonou pelo país e ano passado decidiu se candidatar à bolsa. “Desde o Ensino Fundamental, Coreia e Taiwan são os lugares que, fora dos Estados Unidos, eu sempre tive vontade de ir. Mas nunca foi um país que eu tinha planos de conhecer. No Ensino Médio eu acabei conhecendo muito mais o país e acabou aparecendo essa possibilidade. Eu procurei mais sobre a Coreia e hoje é um país que eu adoro e não vejo a hora de chegar lá”, comenta entusiasmado.
Todos os gastos do estudante serão custeados pelo governo coreano, que ainda proverá uma bolsa de estudos de aproximadamente 800 dólares por mês para pagamento do dormitório, refeições e imprevistos. Ele também vai receber a passagem de ida e volta de graça.
A viagem, com duração de 28 horas, também será uma nova experiência para Lucas, que nunca andou de avião. Ele embarca no próximo domingo (19) para a Coreia e deve ficar pelo menos um ano sem ver a família. “No primeiro ano de estudos eu não posso voltar para o Brasil, é um dos requisitos da bolsa. Nesse primeiro ano vou estudar só a língua coreana antes de entrar na faculdade e, claro, vou sentir muita saudade. A família também, mas sei que estão todos torcendo por mim”.
Aluno aplicado
Lucas sempre foi estudioso e tirava ótimas notas na escola. Prova disso é que, para conquistar a bolsa de estudos ele precisou enviar para o governo da Coreia do Sul seu histórico escolar “A seleção é feita por meio do envio das notas durante todo Ensino Médio. Esse é o critério de avaliação que eles têm. Então, fizeram o critério global das minhas notas e viram que eu me encaixava no perfil que eles estavam procurando. Eles requerem também teste de proficiência em inglês e em língua coreana e duas cartas de recomendação”, conta.
Além disso, ele ainda chegou a fazer iniciação científica na Unifal, em Poços de Caldas, durante o Ensino Médio, e iniciou os estudos no local, mas parou assim que surgiu a oportunidade de concorrer à bolsa. Seu próximo sonho é concluir o mestrado e o doutorado. “Meu sonho é ser pesquisador, é um dos motivos para eu ter me aplicado para a bolsa, porque lá tem muita oportunidade, muito incentivo e, depois, vou tentar continuar meus estudos na Coreia ou até mesmo em outros países. Mas, por enquanto, quero ficar lá e fazer meu mestrado e doutorado também”, comenta.
Ele ainda aproveita para dar um recado para outros alunos da rede pública. “Você vê o esforço que você fez a vida inteira para ser um aluno bom e ter notas boas, mesmo não tendo a melhor estrutura. Então, saber que eu sou estudante de escola pública e consegui uma bolsa desse tipo é muito gratificante e eu espero que seja um incentivo mesmo, porque hoje em dia os alunos de escolas públicas estão tão desanimados, tão desinteressados, só porque é escola pública acham que devem relaxar, mas eu acho que não importa onde seja a escola, a gente tem que levar a sério. Por mais ruim que seja a estrutura, sempre tem alguma coisa boa que a gente pode tirar daquilo” finaliza.