Pela primeira vez na história da literatura de língua lusófana, uma comitiva de escritores moçambicanos vem ao Brasil e participa do Festival Literário de Poços de Caldas, o Flipoços, que está na 12ª edição e neste ano ocorre entre os dias 29 de abril a 07 de maio no Espaço Cultural da Urca. Estão confirmadas as presenças de Ungulani Ba Ka Khosa, Paulina Chiziane, Pedro Mbate, Lucílio Mantaje, Sangare Okapi e Dany Wambire.
A escolha dos autores foi feita pela curadora do encontro e realizadora do Flipoços, Gisele Corrêa Ferreira, que observou, durante bastante tempo, os caminhos da literatura produzida no país africano e como a mesma chega e é lida no Brasil. Com isso, convidou os seis autores cujos nomes protagonizam o encontro e prometem agitar o cenário também brasileiro, onde várias pesquisas e estudos estão voltados á oralidade e a literatura moçambicana.
Estarão no encontro também o diretor de Cultura de Moçambique, Roberto Dove, e o conselheiro cultural do país africano, Romualdo Jonham. Neste ano, o festival homenageia o país Moçambique, daí também o convite para que a comitiva esteja presente no festival. Os moçambicanos chegam ao Brasil no dia 29 de abril e já participam da festa de abertura do evento.
Durante os demais dias, dividem-se entre diferentes mesas, ações e participações com debates sobre a literatura africana, sobre o intercâmbio com o Brasil, visitas a locais históricos de Poços de Caldas e até mesmo um sarau na zona rural do município. Alguns dos escritores convidados também lançarão, no Flipoços, suas obras ainda inéditas no Brasil.
Programação e apoios
A vinda da comitiva de escritores moçambicanos conta com o apoio direto das editoras Kapulana e Nandyala, além da Embaixada de Moçambique no Brasil, CPCLP – Comissão para a Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa.
A programação do Flipoços 2017 pode ser conferida no site do festival www.flipocos.com e também pelas redes sociais na página Feira do Livro/Flipoços. O Flipoços 2017 e a 12ª Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas contam com o patrocínio do Grupo DME, Prefeitura Municipal, Mineração Curimbaba, CBA Votorantim, Supervale, Grupo Outcenter e Fribax e EPTV Sul de Minas. Parceria Cultural Sesc. Apoio IMS, Leiturinha, Câmara Brasileira do Livro, Câmara Mineira do Livro, Embaixada de Moçambique no Brasil, Camões Instituto de Línguas e Cooperação, CPCLP – Comissão para a Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa, Instituto Pró-Livro, ACIA Poços, Senac, Poços Convention, ANL – Associação Nacional das Livrarias, Secretarias de Estado da Cultura, Turismo, Relações Internacionais e Educação.
Realização: GSC Eventos Especiais. Informações pelo (35) 3697 1551.
Conheça os autores
Paulina Chiziane
Foi a primeira mulher moçambicana a publicar um romance. Lançou seu primeiro livro, “A balada de amor ao vento” em 1990. Contadora de histórias, arte que aprendeu com a avó, escreve sobre a esperança, o amor, as mulheres e a África do passado e do presente. Durante a juventude participou ativamente da cena política de seu país como membro da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), mas afastou-se para se dedicar à literatura. Ventos do Apocalipse (1993), O Sétimo Juramento (2000) e Niketche: Uma História de Poligamia (2002) são outros romances da autora, este último, publicado no Brasil pela editora Nandyala.
Ungulani Ba Ka Khosa
Ungulani Ba Ka Khosa nome tsonga (grupo étnico do sul de Moçambique) de Francisco Esaú Cossa, nasceu a 1º de Agosto de 1957, em Inhaminga, distrito de Cheringoma, província de Sofala, Moçambique. Professor de carreira, exerceu funções importantes em Moçambique como as de Diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco e Diretor Adjunto do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual de Moçambique. Durante a década de 90, foi cronista assíduo de vários jornais. Atualmente exerce as funções de Diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD) e Secretário-Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO). Em 2007 venceu o Prêmio José Craveirinha de Literatura, com “Os sobreviventes da noite” e em 2013 venceu o Prêmio BCI de Literatura, com “Entre as memórias silenciadas”.
Mbate Pedro
Mbate Pedro nasceu em Maputo em 1978, atua no programa Médico Sem Fronteiras e é uma das mais importantes vozes na poesia moçambicana da atualidade. É autor de três livros de poemas: O Mel Amargo (AEMO, 2005), Minarete de Medos e Outros Poemas (Índico, 2009). O seu último livro, Debaixo do Silêncio que Arde (Índico, 2015), foi agraciado com o Prémio BCI, para o melhor livro publicado em Moçambique e com uma menção honrosa do Prémio Glória de Sant’Anna (Portugal). Tem os seus textos (poemas e ensaios) dispersos em várias revistas literárias e jornais e tem colaboração em diversas antologias. Lança com exclusividade no Flipoços o seu terceiro livro de poemas, “Vácuos”.
Lucílio Manjate
Lucílio Manjate é escritor e docente de Literatura na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane. Tem publicados, para além de recensões críticas em jornais e revistas, os seguintes livros de ficção: Manifesto (2006), Os Silêncios do Narrador (2010), O Contador de Palavras (2012), A Legítima Dor da Dona Sebastião (2013) e O Jovem Caçador e a Velha Dentuça (2016). É coautor do livro de ensaios Literatura Moçambicana – Da Ameaça do Esquecimento à Urgência do Resgate (2015). Coorganizou as antologias Esperança e Certeza 2 (2008, contos), Era uma vez… (2009, contos) e Antologia Inédita – Outras vozes de Moçambique (2015, poesia). Em 2006, foi distinguido com o Prêmio Revelação das Telecomunicações de Moçambique e, em 2008, com o Prêmio 10 de Novembro, do Município de Maputo. É membro efetivo da Associação dos Escritores Moçambicanos e da Sociedade Moçambicana de Autores. Lança, no Flipoços, o infantil “O jovem caçador e a velha dentuça”, com a editora Kapulana.
Sangare Okapi
Sangare Okapi nasceu em Maputo, capital de Moçambique. Professor, formado em ensino de Língua Portuguesa, Sangare Okapi tem livros de poesia e prêmios acumulados, como o Prémio Revelação FUNDAC Rui de Noronha, em 2002; Prémio Revelação AEMO/ICA de 2005; e Menção Honrosa no Prémio José Craveirinha de Literatura, em 2008.
Dany Wambire
Dany Wambire, nascido Danito Gimo da Graça Avelino em 1989, em Manica (os pais são de Sofala). Cedo se tornou órfão, de pai aos 10, e de mãe aos 12 anos. Formou-se em professorado pelo então Instituto Nacional de Educação de Adultos (2006-2007) e foi trabalhar para o distrito de Machanga (2008), onde lhe foi diagnosticado o vírus da escrita. Tem dezenas de textos publicados, entre os anos de 2011, 2012 e 2013, em alguns dos principais jornais do País, nomeadamente: em O País, em @verdade, no Diário de Moçambique e na Revista Moçambicana e Lusófona Literatas. Licenciado em Ensino de História, com Habilitações em Geografia, pela Universidade Pedagógica de Moçambique, Dany Wambire, atualmente, sem dar férias ao escritor, é professor primário, na Beira, e diretor da Revista literária “Soletras – A sopradora de Letras. Recebeu Menção Honrosa no Prémio Internacional “José Luís Peixoto”, edição de 2013, com a obra “A adubada fecundidade e outros contos”.
Fonte: Flipoços