Em Poços, Sérgio Reis fala sobre sertanejo universitário e impeachment

Música
Sérgio Reis é deputado federal pelo estado de São Paulo.
Sérgio Reis é deputado federal pelo estado de São Paulo.

Sérgio Reis entra no salão como se fosse mais um convidado, mas percebe que causa certo incômodo, já que todos querem se aproximar. Por isso, o próprio artista quebra o gelo. Se aproxima de cada um, propõe um aperto de mãos e pergunta: “Quem é você?”

O cantor participou do evento em comemoração aos 10 anos do Hotel Fazenda Poços de Caldas, no último sábado (12). No balcão do bar, mas sem consumir nada, Sérgio Reis conversou com o Poços Já. Falou sobre a mais recente parceria com Renato Teixeira, o DVD “Amizade Sincera II”, e sobre a experiência como deputado federal pelo PRB de São Paulo.

Poços Já: Fazia tempo que o senhor não vinha à cidade.

Sérgio Reis: Poços de Caldas é sempre muito carinhosa com as pessoas que vêm, desde a época dos anos 50, 60, que o casal que casava tinha que vir pra cá. Era capital das noivas, capital das virgens.

Poços Já: Cemitério das virgens (risos).

Sérgio Reis: Hoje não tem mais virgens, então não é cemitério nem nada (risos).

Poços Já: Enquanto deputado federal, como é conviver com a crise política, com a possibilidade de impeachment?

Sérgio Reis:Estou vendo de perto, sou deputado federal e estou no meio daquela guerra. Esses dias quase tomei um tapa na orelha por causa de um louco lá. Eles brigam, é muita briga, muita vaidade, muita discussão, guerra entre partidos. Eles esquecem que tem um país inteiro assistindo, que temos uma TV Câmara, que eles representam o povo. Para o plenário, isso é muito triste. Aqueles que estão lá não têm cultura, a maioria. Use as leis, as formas de votar, de ter impeachment ou não, mas sem agressão física. Eu imagino o filho, o neto, o sobrinho daqueles deputados dando tapa um no outro. Ele vai achar que pode ir para a escola e dar tapa também. Onde nós vamos parar com esse país?

Poços Já: Se houvesse menos vaidade, menos jogo pelo poder, talvez o país avançasse mais.

Sérgio Reis:Claro, pelo menos avançaria mais tranquilo. Está difícil. Nessa próxima quarta-feira vamos ver o que acontece, se o pessoal recebe o impeachment. Isso é uma coisa muito técnica que a gente não se envolve. É o Supremo Tribunal Federal, os deputados federais e o senado. É muito complicado. Se tiver o impeachment vamos afastar a presidente, o Michel Temer assume e vamos estudar. Vai depender também da vontade do povo. Se o povo sair às ruas como saiu contra o Collor, a nossa presidente Dilma não vai conseguir segurar.

Poços Já: Como está sendo mais uma parceria com Renato Teixeira?

Sérgio Reis:Nós somos amigos há 40 anos. Eu sou o artista que mais gravou Renato Teixeira e Almir Sater. Estamos aí, eu ganhei o quarto Grammy, o primeiro do Renato, como melhor disco sertanejo. Para o meu filho já é o segundo, como produtor. É um trabalho de incentivo às outras duplas, aos nossos artistas, para pensarem naquilo que vão por no repertório. Não é só fazer sucesso de seis meses e morrer. No nosso caso é diferente, a gente faz a coisa bem clássica mesmo.

Poços Já: O senhor é um defensor da música raiz em meio a um cenário cada vez mais comercial.

Sérgio Reis:A raiz não acaba, a música sertaneja tem 80, 100 anos. Tião Carreiro toca todo dia, é o violeiro maior do país, criou um ritmo novo, o pagode sertanejo. E os ritmos vão mudando, hoje é o universitário. Essa garotada nova sabe tocar viola como ninguém. Só que eles são jovens, cantam para os jovens das faculdades. Noventa porcento dos universitários são gente do interior, que sai da cidade natal para tentar o futuro. É muito bom isso, eu acho legal. O Brasil é rico em cultura musical, pode escolher o que você quiser que tem. Exótico? Ney Matogrosso. Clássico? Simone, Caetano, Bethânia. Acho que o Brasil tem essa vantagem, musicalmente é perfeito.

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