O ator Guilherme Uzeda se apresentou em Poços de Caldas no sábado (15), com o espetáculo “Graças a Deusss – A Comédia”. O comediante trouxe à cidade personagens como Zildo e a Tia, além de piadas e stand up.
Antes de subir ao palco do Teatro Benigno Gaiga, Uzeda, que recentemente participou do programa “A Grande Farsa”, do canal Multishow, conversou com o Poços Já.
Poços Já: O seu espetáculo mistura personagens com stand up. Mas o stand up tem crescido muito no país. Você acredita que há alguma resistência do público ou dos comediantes em relação aos personagens?
Guilherme Uzeda: Acho que o brasileiro é um povo que gosta de personagem, do bordão. O stand up é um gênero forte, veio para ficar, acho que vão ficar os que merecem e se destacaram mais. Deu um boom. Agora está, digamos, em uma baixa.
Poços Já: Como é o seu processo de criação dos personagens?
Guilherme Uzeda: Eu tive uma grande escola e a grande honra de participar do Terça Insana durante muitos anos. Com a ajuda da própria Grace Gianoukas, que foi minha diretora, minha mestra, e com a ajuda dos colegas, eu fui descobrindo formas de escrever textos para os meus personagens. Eu criava muito em cima do tema. Por exemplo, em um mês o tema foi família. Eu criei o açougueiro e a Branca de Neve. O açougueiro porque eu estava com minha filha novinha, a Luísa, eu ia no açougue comprar carne picadinha para ela e o açougueiro achava ruim, me olhava com cara de ódio. A Branca de Neve tem problema hormonal justamente porque a mãe tinha morrido, o pai tinha casado de novo e ela ficou completamente “tan tan”. Os temas que a Grace propunha foram muito importantes para que eu fizesse esses personagens.
Poços Já: Ser psicólogo te ajuda na criação desses tipos?
Guilherme Uzeda: Eu não sei até que ponto me ajudou a construir os tipos, mas sei que me ajudou a construir um tipo que foi o Xicovate. É um psicólogo que eu fiz em cima da história do Flávio Gikovate, que é um psicólogo completamente louco. A maneira que ele analisa e trabalha com os pacientes é completamente absurda, isso foi legal porque deu um nonsense para o personagem. Mas é lógico que ser psicólogo sempre me ajuda na profissão de ator. Eu sempre tento analisar o psicológico do personagem, fazer uma anamnese mesmo.
Poços Já: Há diferença entre os personagens do Terça Insana e do seu espetáculo solo?
Guilherme Uzeda: O Terça Insana foi legal para criar essas coisas nonsense, era um público que captava isso, que tinha referência. Hoje em dia, que eu faço o meu solo, reparei que tive que popularizar mais. Se você vem com uma piada um pouco mais rebuscada, a galera não compra. Por isso eu fui me permitindo usar mais a piada pronta. Eu saí do Terça Insana com aquela estética nonsense, maluca, fazia um espermatozóide, a dor.
Poços Já: Nos programas de televisão, você mesmo escreve as suas piadas?
Guilherme Uzeda: No caso da Praça, tem dois redatores, o Magalhães e o Valezin. No final, comecei a escrever para mim. A dinâmica lá é essa: eles escrevem, mas tem gente que escreve para si próprio. O próprio Manfrini escreve, a Marlei, o Matheus Ceará. Lá no “A Grande Farsa” tinha uns seis redatores. Nada era meu, nem os personagens, eu contribuía com uma coisa ou outra. Deve ter uma segunda temporada agora em outubro. O programa foi bem, o Multishow gostou muito. Estamos aguardando.
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