Dois diretores da Comunidade Terapêutica Plenitude, de Caldas, foram presos pela Polícia Civil nesta quarta-feira (30). Eles são acusados do homicídio de um interno dentro do local.
O delegado regional, responsável pela apuração do caso, Gustavo Henrique Manzoli, relata que Claudia Freitas Machado e seu marido Gilmar Assis Machado, são investigados em dois inquéritos referentes à morte do paciente Romário Franco dos Santos, e outro que apura uma série de crimes praticados por eles, através da instituição. Outras duas pessoas que também estariam envolvidas na morte de Santos ainda estão foragidas. A comunidade terapêutica foi interditada há cerca de um mês e meio pela Vigilância Sanitária de Caldas.
De acordo com a polícia, os mandados de prisão foram cumpridos em Poços, onde Cláudia foi detida, e na cidade de Descalvado (MG), onde Machado já estava exercendo atividade similar a que realizava na comunidade terapêutica Plenitude. “As prisões foram necessárias porque, além do caso da vítima Romário, tratado como homicídio doloso qualificado, também foram verificados fatos novos envolvendo essa comunidade terapêutica. Ela foi alvo de ações pela vigilância sanitária, pelo Centro de Referencia de Ação Social (Cras) e pelo Núcleo de Saúde Mental, ambos de Caldas, o que gerou um segundo inquérito policial. Além disso, no bojo do inquérito que apura a morte do Romário, nós também ouvimos testemunhas que indicam prováveis intimidações contra familiares da vítima, na cidade de Campestre”, afirmou Manzoli.
O delegado explica que Machado teria participado do suposto ‘resgate’ de Romário em Campestre, que é quando profissionais buscam dependentes para uma internação involuntária, o que a polícia entende ser um crime de sequestro e que Cláudia teria sido a responsável por agendar o sequestro. “É necessário frisar que pelos menos dois indivíduos que participaram do ‘resgate’ de Romário eram internos da clínica e um deles também não possui curso ou preparação técnica para fazer esse tipo de procedimento. Além disso, as comunidades terapêuticas não têm, em seu embasamento de atuação, o direto a fazer a internação compulsória de internos, e sim a voluntariedade das internações, tanto que essas comunidades devem ser abertas”, esclareceu.
Além de Machado, outras três pessoas acusadas de sequestrarem o paciente, levando-o à força para a clínica, ainda não foram localizadas. Manzoli disse que uma delas pode estar morta, vítima de assassinato em Poços. Já Luan Ferreira dos Reis e Douglas Araújo ainda estão sendo procurados.
Conclusões
Com a prisão do casal, a Polícia Civil tem dez dias para concluir o inquérito. Os quatro investigados devem ser indiciados por homicídio doloso qualificado e sequestro.
Já o segundo inquérito, instaurado em razão das ações dos órgãos da prefeitura de Caldas, em que foram constados a pratica de diversos tipos de crime dentro da comunidade, continua em fase de investigação e não tem prazo para serem concluídos. Há suspeitas de crimes como o tráfico de drogas, retenção indevida de documentos, apropriação indébita de valores previdenciários, entre outros.
O caso
Romário foi encontrado morto dentro da comunidade terapêutica pouco tempo depois de dar entrada na clínica. Os familiares acusaram o estabelecimento e alegam que a vítima era dependente químico e havia sido internado pela terceira vez quando morreu.
Segundo o atestado de óbito, ele teve parada cardiorrespiratória, insuficiência pulmonar aguda e asfixia. Mas a família suspeitava de agressões, o que levou o corpo dele a ser exumado em maio de 2016.