Publicidade
Imagens comparadas indicam que Santos esteve na cena do crime (Foto: Mariana Negrini)

A Polícia Civil usou uma técnica inovadora de perícia para solucionar a morte do professor Kajany César Moreira dos Santos, de 59 anos, ocorrida no último sábado (02). Pegadas encontradas no sangue foram comparadas e apontam que o filho da vítima, Kajany Gabriel de Paula dos Santos, de 27 anos, esteve na cena do crime, o que o torna o  principal suspeito do crime. Santos foi preso por força de um mandado de prisão preventiva e aguarda a conclusão do inquérito no presídio.

Publicidade

O delegado Cleyson Rodrigo Brene conta que ainda no sábado esteve no local do crime, onde não só  constatou que se tratava de um homicídio, mas  que também tinha sido praticado com requintes de crueldade, em razão da tentativa de esgorjamento da vítima (ato de arrancar a cabeça), além de corte dos testículos.

Brene irá indiciar Santos por homicídio qualificado (foto: Mariana Negrini)

“Juntamente com a Polícia Militar tivemos informações de que o filho da vítima estava na casa de parentes e em sua bolsa havia uma toalha com manchas de sangue e que o rapaz estava com o dedo cortado. Fizemos os levantamentos iniciais e os militares levaram o suspeito até a delegacia. Confirmamos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que ele teria sido atendido um dia antes por conta do corte no dedo, afastando a possibilidade de ele ter se ferido durante o homicídio”, esclarece o delegado.

A Polícia Civil aguardava os laudos periciais de Belo Horizonte com relação ao sangue localizado na toalha, por isso não foi possível fazer a prisão em flagrante, por falta de provas, mas, os trabalhos de identificação continuaram e a equipe se uniu aos peritos criminais e encontraram uma alternativa para solucionar o caso de forma mais ágil.

“Neste trabalho identificamos uma saída, tiramos a digital plantar do suspeito e reproduzimos em transparências. Levamos essas transparências para o local dos fatos e foi feita a análise da sobreposição da imagem, a pegada, identificando características, como os pontos de pressão e distanciamento dos dedos, indicando que aquela pegada seria do filho da vítima”, resume Brene.

O delegado ressalta ainda que essa prova deixou claro que o suspeito foi a única pessoa que esteve na cena do crime, descartando assim o envolvimento de mais pessoas na execução do assassinato.

Com as novas informações foi solicitado à justiça a prisão preventiva de Santos, que foi autorizada. O suspeito estava internado em uma ala psiquiátrica quando recebeu a notícia da prisão, na noite de terça-feira (05).

Suspeito falou pouco sobre o caso e será submetido a teste de sanidade mental (foto: Polícia Civil)

A motivação do crime ainda está sendo esclarecida e a polícia já sabe que na noite dos fatos,  autor e vítima tiveram uma discussão acalourada, mas que isso era frequente entre eles. Em conversa informal Santos disse ter sido hipnotizado, que se lembra de estar acorrentado em local escuro. Vale ressaltar que ele apresenta um quadro de esquizofrenia.

Para confirmar essa doença mental, a Polícia Civil solicitou uma perícia neste sentido e o suspeito deve ser levado a Belo Horizonte para ser submetido ao exame, na tentativa de esclarecer se ele tinha consciência de seus atos.

“Independente do resultado do laudo, o processo transcorre normalmente, porém, ao final, se condenado, ele será submetido a uma medida de segurança”, ressalta o delegado. “Neste momento ele está no presídio, qualquer transferência depende do poder judiciário”, acrescenta.

Santos será indiciado por homicídio qualificado.

Além do delegado participaram dos trabalhos Sinval, Maurício, Paulo Emílio e Mauro Ivan.

Perícia

O perito Maurício Gonçalves dos Santos compareceu à coletiva para explicar o procedimento usado no caso. A técnica escolhida levou em consideração as condições do local.

“O trabalho foi inovador, a técnica é pouco utilizada na região e agora estou em busca de materiais para elaborar um laudo pericial robusto dos fatos. Se trata de uma técnica realmente nova”, pontua o perito.

A técnica consiste em usar as pegadas deixadas no sangue da vítima e compará-las com a do suspeito. “As pegadas estavam bem delimitadas, então foi feita a coleta do material da forma do pé dele, enquanto ele caminhava, e fizemos a transparência, fazendo a sobreposição das imagens no local do crime. As imagens foram perfeitamente compatíveis”, esclarece Maurício.

Perito afirma que pegadas são perfeitamente compatíveis (foto: Mariana Negrini)

Para a comparação é levada em consideração a pisadura, marcas, distância dos dedos e todas as características particulares do individuo. “Não há duvidas que são pegadas perfeitamente compatíveis”, afirma o perito.