Lindaura Alves de Oliveira, 46 anos, acusada de ter sequestrado uma bebê nesta quinta-feira (10), afirmou à imprensa que comprou a criança da mãe por R$ 5 mil. Lindaura foi presa na noite de quinta, com a nora Cíntia Tomás de Carvalho, de 23 anos, e o taxista, Pedro José da Silva, 69 anos. A filha da sequestradora, de 13 anos, também foi apreendida por suspeita de envolvimento na ação.
As primeiras palavras de Lindaura aos jornalistas foram para tentar tirar a culpa nora e o taxista. “O negócio é eu. Eu paguei R$ 5 mil para a mulher me dar o bebê e ela aceitou”, diz. A sequestradora conta ainda que o valor pago à mãe seria para que ela adquirisse uma moto para o marido.
Ela confessa ter dado um remédio para sedar a vítima, segundo ela uma medicação que está acostumada a tomar. Lindaura disse ainda que ia cuidar e criar a criança, já que estava se sentindo sozinha e nega que tenha simulado a gravidez para manter o relacionamento com um namorado. “Eu perdi o meu bebê quando estava de sete meses e meio, foi então que decidi fazer isso. Mas, ela ia dar com as mãos dela, eu não ia pegar não, mas depois que eu dei o dinheiro ela decidiu não me entregar a criança”.
Ela afirma que a mãe da bebê não falaria a verdade e se cala ao ser questionada se iria dizer a verdade se tivesse sequestrado a criança.
Também acusados de participar da ação, Pedro e Cíntia também aceitaram falar com a imprensa, eles negam que sabiam do sequestro. “Eu só fiz a corrida pra ela, ela escondeu o bebê o tempo todo, tanto que eu não vi o neném hora nenhuma”, afirma Pedro.
O taxista diz que mudou sua versão dos fatos algumas vezes na intenção de proteger a filha e a nora da acusada. “Da Lindaura eu falei a verdade desde o começo, mas as outras não tinham nada com isso. Minha consciência não dói nem um pouquinho porque eu não devo nada, se eu tivesse falado tudo de uma vez, talvez eu não estaria aqui”.
Cíntia, por sua vez, contou que foi passear com Lindaura e que não viram a criança dentro do carro. “Ela tava muito bem enrolada e escondida. Ela dizia que ia comprar o neném”. Ela ainda pontua que não teria entrado no carro se soubesse que lá tinha uma criança.
Polícia Civil
A Polícia Civil ainda trabalha na conclusão do inquérito para fechar as informações que ainda não têm respostas. As ações começaram ainda na identificação, segundo o delegado regional, Gustavo Manzoli, foi feita uma união de esforços para que fosse possível dar um resultado feliz ao caso. “Inicialmente, ainda durante o trabalho de campo da Polícia Militar, foi levantado que a suspeita teria fugido em um ônibus de safristas, mas na sequencia a Polícia Civil chegou a conclusão que ela teria se deslocado para o estado de São Paulo em um taxi. O taxista apresentou uma versão contraditória e assim que localizamos a filha da suspeita os fatos foram aclarados e possibilitou que a equipe de Andradas efetuasse diligências no Distrito da Gramínea e na seqüência em Espírito Santo do Pinhal e localizar a criança e a suspeita”, pontua.
A delegada Michele Rocha conta que quando entrou no imóvel onde a criança era mantida, encontrou Lindaura com Yasmin no colo, em um dos quartos da casa. “A criança aparentemente estava alimentada e bem cuidada, enquanto a suspeita afirmava que a criança era dela, apresentando inclusive uma Certidão de Nascimento”.
Mas, a versão não era mais aceita, já que Cíntia tinha dito que a sogra manteve uma falsa gravidez e que procurava uma criança para justificar o nascimento. Michele destaca ainda que Lindaura se apresentou muito ardilosa no modo de falar e explicar, além de hiperativa em afirmar que a criança era filha dela.
Crime foi planejado
O delegado Fabiano Mazarotto afirma que a polícia tem elementos suficientes para provar que o crime foi planejado. “Uma gravidez dura nove meses e, embora ela realmente tenha engravidado, teria tido um aborto espontâneo e precisava sustentar a gravidez para o namorado, com o tempo ela passou a tentar obter uma criança, primeiro com a adoção, e por fim, com o sequestro”, explica.
Além disso, a certidão de nascimento ela adquiriu no começo de julho, há cerca de 40 dias. A certidão foi feita em um cartório e tem validade documental. Agora a Polícia Civil quer saber como a sequestradora conseguiu um documento emitido por hospital, de nascido vivo, para confeccionar este documento.