Claramente nervosas, Claudete De Souza Hashimoto, de 51 anos, e sua filha, Elaine Cristina Hashimoto, de 34, se negaram a falar com a imprensa ao serem apresentadas pela Polícia Civil, na manhã desta quarta-feira (5). Claudete tremia e Elaine chorava, mas as duas não faziam questão de negar que aliciavam adolescentes e adultos para a realização de programas sexuais.
Ao ser questionada sobre o motivo do tremor, Claudete apenas disse que estava nervosa e que não tinha nada a declarar. Já Elaine ficou calada, nem sequer respondeu uma pergunta ou tentou defender a mãe.
O silêncio das acusadas esconde um esquema de prostituição revelado após as investigações. Além de menores de idade, como uma menina de 15 anos que confirmou o esquema, elas ainda ‘vendiam’ o próprio neto/filho. Segundo as investigações, Claudete era responsável pelos aliciamentos e pela negociação com os clientes. Primeiro eram feitos os anúncios em um blog, depois agendamentos via WhatsApp. Elaine trabalhava em parceria com a mãe e há indícios de que também fazia programas. Além de escolher pessoas aleatórias ao convívio familiar para prostituição, elas ainda ofereciam um garoto de 17 anos, filho de Elaine.
“Em janeiro o Ministério Público recebeu uma denúncia, quando o pai de uma garota de programa denunciou que a filha era agenciada e explorada sexualmente, indicando uma casa no bairro Centenário”, explica o delegado Cleyson Rodrigo Brene. “Assim que essa informação nos foi repassadas identificamos que, além da residência para a exploração sexual, havia um agendamento feito via blog, criado para explorar essas pessoas. Duas dessas pessoas oferecidas para serviços sexuais são menores de idade”, acrescenta.
Elaine ainda vendia produtos eróticos e obrigava as garotas a comprar para usar durante os programas, que custavam R$200. Havia também a obrigatoriedade das aliciadas pagarem para o uso do espaço, de R$ 30 a R$ 50, que eram divididos entre as acusadas. Os outros R$ 150, no caso da adolescente, ficavam com o neto da aliciadora, que utilizava o dinheiro para pagar passeios que faziam juntos.
A adolescente de 15 anos e a jovem de 18 anos, ao prestarem depoimento, confirmaram todo o esquema, denunciando as duas acusadas.
Operação Book Rosa
A operação foi batizada de Book Rosa, expressão ficou conhecida após a minissérie ‘Verdades Secretas’, da TV Globo, que abordou o aliciamento de modelos. De acordo com as mensagens trocadas por Claudete, nos últimos tempos havia três meninas disponíveis para programas, mas as investigações seguem já que a denúncia é de que os casos ocorriam há mais de um ano.
Além disso, foram apreendidas anotações, mídias, celulares e um computador, que serão periciados e podem complementar o conjunto de provas. Produtos eróticos também foram recolhidos.
O endereço usado para anunciar os programas foi atualizado na terça-feira (4), mas a polícia já tinha cópias do mesmo, onde várias pessoas eram oferecidas para a exploração sexual. Em um dos anúncios o programa era oferecido a R$ 1,99.
Indiciamentos
A dupla foi presa, por força de um mandado de prisão preventiva, e será indiciada nos próximos dias. Brene diz que, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é feito o indiciamento por exploração sexual; pelo Código de Processo Penal, o indiciamento é por casa de prostituição e rufianismo.
Atuaram no caso os investigadores Gregório, Paulo Silva e Daniel e a escrivã Samanta. Eles receberam apoio dos investigadores Sinval, Cleiton, Nicole, Felipe, Adriana, Ana Luísa e Priscila.