A Polícia Civil pode estar chegando ao fim das investigações que apuram os incêndios registrados no Complexo Santa Cruz, na Casa de Chá do Recanto Japonês e nas árvores do Parque Municipal Antonio Molinari, além das pichações na Igreja Santa Cruz e nas portas do Palace Casino. Para isso foi desencadeada na manhã de quinta-feira (26) a Operação Kasai, que cumpriu seis mandados, com a condução de seis pessoas à delegacia.
A operação foi batizada de Kasai, que significa fogo em japonês, devido ao fato de o grupo atear fogo nos patrimônios e, segundo o delegado Fabio Ribeiro, os atos foram de pura rebeldia e descarta questões políticas como se suspeitou no início dos casos.
Os primeiros levantamentos começaram ainda em julho, quando foi registrado o incêndio no Complexo Santa Cruz e a linha de investigação adotada foi de uma possível relação do fato criminoso com questões políticas. “Durante as investigações surgiram informações que, somadas as denúncias e as provas recolhidas pela equipe da 4ª DAC, nos levaram à identificação dos suspeitos e que eles se associavam para à prática de delitos, por rebeldia e sem motivos justificáveis, uma vez que são pessoas de classe média e sem registros anteriores significativos”, pontua o delegado.
Com os seis indivíduos identificados, sendo três adolescentes com idades de 16 e 17 anos, e três maiores, Jonas Aparecido Alves, de 18 anos, Petryn Wilton da Silva, 20, e Willian Augusto dos Santos Contini, 20, a polícia passou a ouvir testemunhas para apurar os casos, que envolvem pelo menos cinco crimes.
Foi feita a representação pelas prisões temporárias dos três suspeitos maiores de idade e pela emissão de seis mandados de busca e apreensão para a residência de todos os suspeitos, além de três mandados de condução coercitiva para os adolescentes. Com a emissão dos documentos pela justiça os policiais montaram uma força-tarefa para cumprir os mandados.
Todos os suspeitos foram localizados e levados para a delegacia e após os primeiros depoimentos a participação de Willian Augusto dos Santos Contini nos casos foi descartada e o delegado pediu a revogação da prisão dele. A princípio Contini sabia dos crimes, chegou a presenciar alguns, mas não se envolveu. Os demais tiveram as participações comprovadas. “Agora vamos analisar se os depoimentos batem, ir em busca de mais suspeitos, além de realizar novas diligências, para podermos concluir os inquéritos até terça-feira”, pontua o delegado.
As condutas também serão individualizadas a fim de que cada envolvido responda pelos seus atos. Ribeiro pontua que todos tentam desvincular suas participações, mas quando um acende o isqueiro e os outros permanecem a intenção é a mesma para todos.
A apreensão de alguns objetos eletrônicos também já levou os policiais a entenderem que o grupo combinava os crimes antes e que algumas conversas indicam que eles já planejavam os próximos ataques, não tendo a polícia informado em que local seria. As investigações também deixam claro que um dos adolescentes de 16 anos era uma espécie de mentor do grupo.
Indiciamentos
Os menores de idade conduzidos coercitivamente foram liberados para os pais após os procedimentos e depoimentos. O inquérito com relação a eles será desmembrado e encaminhado ao Ministério Público, na divisão da Infância e Juventude. Os dois adultos serão indiciados por dano qualificado pelo emprego de produto inflamável, pelo incêndio em prédio público.
A polícia vai ainda tentar quantificar o valor do dano no Recanto Japonês e isso pode agravar ainda mais a situação. Foi realizada ainda a prisão do pai de um dos adolescentes por porte de armamento. As investigações foram conduzidas pelo delegado, pelas investigadoras Adriana e Priscila, além da escrivã Leandra.