O vendedor de milho Jeová Silva trabalha há 28 anos na esquina das ruas Assis Figueiredo e Prefeito Chagas, no Centro de Poços de Caldas. Há exatamente um ano, ele estava no local quando uma forte chuva levou embora todos os seus objetos de trabalho. “Não tive tempo de fazer nada, a água veio das ruas como se fosse uma onda na praia, perdemos tudo, o carrinho, as panelas, não sobrou nada”, relembra.
O prejuízo de mais de R$7 mil lhe custou duas semanas de trabalho. Ajudado pela dona de uma loja que se comoveu com a história, seu Jeová conseguiu, através de uma rifa, o dinheiro necessário para comprar tudo o que havia perdido. No entanto, o medo ainda permanece com sua família. “Trabalho todos os dias até 22h ou 22h30, sempre que vem uma chuva forte a gente fica com medo de tudo acontecer de novo”.
R$300 mil
Na Oficina Hércules, um dos locais mais afetados pela chuva de 19 de janeiro, nem tudo foi recuperado ainda. Os proprietários avaliam que o prejuízo foi de aproximadamente R$300 mil. “Nós perdemos quase tudo que era da oficina. A parte de alinhamento dos carros perdemos inteira, balanceamento, ferramentas, além do prejuízo que tiveram os carros que sofreram com a parede do fundo da oficina, que caiu. Ficamos quase 60 dias sem trabalhar, esperando para repor os carros, ferramentas e outras coisas”, relembra Celso Frison, proprietário do local.
Mesmo um ano após o ocorrido, ele relata que sabe que a situação pode ocorrer novamente. “A gente espera que não aconteça mais, apesar de a prefeitura não ter feito nada em relação a limpeza dos rios. O novo prefeito e o novo secretário [de obras] estiveram aqui conversando com a gente e nos prometeram fazer uma limpeza do córrego e deixar esse problema o mais resolvido possível”, comenta.
R$600 mil
Outra comerciante bastante afetada com a enchente foi Patrícia Ramos Borsato Silva, dona da Itapoã Tecidos. “Eu estava em casa com a minha família, não tinha percebido a grandiosidade daquela chuva. Um tempo depois tocou o celular do meu esposo e era um amigo dele ligando e falando que os utensílios da loja estavam na rua. A gente pensou que fosse brincadeira. Entramos no carro e viemos, mas a gente não conseguiu chegar, porque a água estava muito alta, a rua Assis estava parecendo um ribeirão e a correnteza era muito forte. Só conseguimos chegar na loja perto de onze horas, a situação era horrível. Todas as mercadorias estavam para fora, não sabíamos o que fazer”, lembra.
De acordo com Patrícia, o prejuízo no estoque foi de quase R$600 mil. Mas ela ressalta ainda a solidariedade recebida. “No dia seguinte, recebemos ajuda de muitas pessoas, ex-funcionários, amigos que vieram ajudar a gente a limpar, algumas pessoas acharam objetos da loja na rua e vieram devolver. Claro que tiveram pessoas que se aproveitaram da situação, não estavam nem aí e pegaram coisas, mas vimos muita bondade da maioria”.
Ainda hoje, eles atendem em um prédio em frente ao antigo endereço. Devido à chuva, o antigo imóvel alugado ficou destruído e ainda não foi reconstruído. “Meu tio cedeu este espaço que estamos alugando, agora estão construindo um prédio ali no local, não sabemos quando fica pronto e nem se vamos ter condições de voltar para lá, porque junto com a enchente tem também a crise que afetou muito os comércios”, finaliza.