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A professora Andreia Minzoni, que vive desde criança em uma casa na rua Capitão Afonso Junqueira, Centro de Poços de Caldas, foi uma das vítimas da enchente de janeiro de 2016, que alagou ruas da cidade. Quase um ano depois do ocorrido, ela carrega lembranças daquela noite e também o medo. “Nunca havia passado por nada parecido. Realmente foi terrível e traumatizante. Recebi ajuda de parentes e amigos e tive que ficar morando de favor durante seis meses na casa do meu pai, até que a reforma em casa fosse feita”, relata.

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Segundo Andreia, ela precisou gastar suas economias para comprar os móveis e produtos que perdeu por conta da chuva. “Contando com tudo: geladeira, fogão,  jogos de quarto, cozinha, roupas,  TV, louças, enfim, tive um gasto na faixa de uns R$30 mil. Mas tem coisas que perdi que não têm preço. Fotos, livros, coleções e muito material didático”, conta.

Mesmo hoje, após quase um ano da tragédia, Andreia afirma que se sente com medo quando chove forte, como na última segunda-feira (16). “A prefeitura andou limpando um pouco o córrego [Vai e volta], mas sabemos que não solucionou o problema. Essa última noite foi tensa, pois choveu demais também”. Ela também relembra que chegou a pensar em se mudar na época da enchente, mas desistiu por causa do pai, que vive próximo ao local ” Minha mãe tinha acabado de falecer e meu pai tem 79 anos. Apesar de forte, lúcido e independente, requer atenção e companhia entende? Família pra mim é tudo! Quero estar por perto”.

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Casa às margens do Córrego Vai e Volta permanece abandonada desde a enchente.

Casa Vazia

Outra moradora que ficou bastante prejudicada com a enchente foi a sobrinha de Cristiane Miguel, que vivia em uma casa em cima do Córrego Vai e Volta, na rua Barão do Campo Místico. “Minha sobrinha morava aqui com os três irmãos, a casa ficou destruída, eles perderam tudo, saíram só com a roupa do corpo. Meu sobrinho tinha acabado de comprar um videogame, terminou de pagar no mês passado e não ficou com ele nem um mês”, recorda.

Um ano depois da enchente, a casa permanece vazia e ainda com alguns produtos e móveis deixados para trás. Os sobrinhos de Cristiane foram morar com a mãe, no bairro Vila Matilde, Zona Sul da cidade. “Na época, os bombeiros disseram que a gente não podia mais nem entrar aqui na casa, eu fico com medo de vir aqui até hoje, sempre que chove olho lá de cima e vejo o rio subir e cobrir o porão aqui embaixo”, conta.

Cristiane diz ao Poços Já que a administração passada chegou a prometer arcar com o material necessário para refazer o muro de proteção que separava as casas do córrego e caiu com a força das águas. “Eles vieram aqui, disseram que iam mandar o materiais, mas não mandaram nada. O vizinho da frente reergueu o muro com o dinheiro do próprio bolso, os que não têm condições acabaram deixando assim”.