“Quando eu recebi o diagnóstico de HIV, tinha 29 anos e estava em um casamento ‘sólido’. A minha primeira reação foi um sentimento de traição com um misto de nojo e a maior raiva do mundo. Por quê eu?”, quem relata a própria história é uma paciente do DST/AIDS de Poços de Caldas que prefere não se identificar.
Ela é uma das 827 mil pessoas contaminadas com o vírus da AIDS no Brasil. Para ela, o mais difícil ao descobrir a doença foi aceitar e conseguir ajuda. “São poucas as pessoas dispostas a colaborar. O que vejo é um ostracismo do soropositivo, é difícil abrir espaço para ajuda no começo, pois há muita resistência do próprio portador”, conta.
A paciente participa do programa gratuito de tratamento oferecido pelo DST/AIDS da Secretaria de Saúde de Poços de Caldas. A equipe multidisciplinar conta com médicos, enfermeiros, psicólogos, dentistas e assistentes sociais. “Desde 2015, todos os pacientes que fazem o teste do HIV e têm resultado positivo já iniciam o tratamento. Isso melhorou muito a qualidade de vida dos pacientes e esse tratamento previne e os ajuda a não ficar com imunidade baixa, além de prevenir a transmissão da doença de uma pessoa para outra”, explica a infectologista Lívia Teixeira Vitale.
Hoje, dia primeiro de dezembro, é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. De acordo com a especialista, até o momento o coquetel tem sido usado pelos pacientes, mas como apresenta muitos efeitos colaterais, outro medicamento próprio para o tratamento da AIDS deve ser divulgado em breve. “Por enquanto temos os antivirais e os coquetéis, mas em fevereiro o Ministério da Saúde deve liberar um novo remédio, com menos efeitos colaterais”.
A doutora ainda alerta para a necessidade de conscientizar a população sobre a prevenção da AIDS. “O aumento do número de casos da doença está sendo observado em algumas populações específicas: jovens de 17 a 24 anos, homens que fazem sexo com outros homens e não usam preservativo. Por isso é importante a prevenção, não só em época de carnaval, mas o tempo todo”, finaliza.
Casos de AIDS no Brasil
Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que o número de casos de Aids tem aumentado entre os homens no Brasil. Em 2006, a razão era de 1 caso em mulher para cada 1,2 caso em homens enquanto que, em 2015, o cenário passou a ser de 1 caso em mulher para cada 3 casos em homens.
Os dados são do Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de 2016, divulgado nesta quarta (30) por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro. De acordo com o novo boletim epidemiológico, 827 mil pessoas vivem com HIV/Aids no Brasil. A epidemia no Brasil está estabilizada, com cerca de 41,1 mil casos novos ao ano.