A Câmara realizou nesta quinta-feira (18) uma audiência púbica sobre a enchente de janeiro em Poços. O objetivo foi discutir os fatores que contribuíram para as inundações e iniciar a implantação de Sistema de Prevenção de Inundações e um Plano Diretor de Drenagem Urbana. Participaram da discussão vereadores, representantes da prefeitura, da Associação Comercial (Acia), moradores e comerciantes, além de profissionais e especialistas da área. A presidente da Câmara, Regina Cioffi (PPS) destacou que o objetivo é entender as causas ambientais e não ambientais que ocasionaram a enchente. “Precisamos saber o que tratar e depois como tratar. Esta audiência é no sentido de buscar. Não de buscar culpados, mas sim por que aconteceu aquela inundação em Poços de Caldas no dia 19. A partir daí, quando tivermos um mapeamento, onde todos vão poder se expressar e colocar as suas opiniões e sugestões, nós iremos elaborar um Plano Diretor de Macrodrenagem da cidade, seguindo as informações que nós conseguimos obter”.
Uma das moradoras atingidas pela enchente, Valquíria Aparecida Nicolau, usou a tribuna para falar do drama que viveu e reclamar da falta de manutenção dos rios de Poços.”Eu fui diretamente atingida. Eu perdi tudo dentro da minha casa. Eu sou costureira, dependo das minhas máquinas para trabalhar e perdi material. Tudo que conquistei dentro da minha casa foi suado. Eu não sou lojista. Vai fazer falta. Eu quero saber de quem é o prejuízo que eu levei. Não posso arcar com todo ele. De quem que é a responsabilidade da limpeza dos rios? Tudo bem que o tempo virou. Isso atingiu todo mundo, mas em primeira via, a responsabilidade da limpeza e manutenção é da prefeitura. Então quero saber quem vai ressarcir esse meu perdido”.
O vice-presidente da Acia, Rodrigo Rezende, falou da preocupação dos comerciantes da cidade e cobrou da prefeitura atitudes para evitar novas enchentes. “Ainda há muita preocupação de muitos dos nossos associados toda vez que chove. Se chover muito forte vai alagar o Centro de novo, pois é preciso fazer o desassoreamento dos rios. Estima-se hoje que 40% do PIB seja para impostos. É inadmissível escutar que uma cidade que arrecada 550 milhões de reais por ano não tenha máquinas para fazer o desassoreamento do rio. Que com 6 mil funcionários não tenha pessoas para trabalhar nesta importante obra e principalmente que não tenha recursos. Nós não estamos pedindo favor”.
O prefeito Eloísio Lourenço lembrou as recentes ações que contribuíram para a enchente. “É um processo histórico, que vai se repetir e que não se resolve só com limpeza de boca de lobo. Inauguramos em 2012, 500 apartamentos na Zona Leste sem o mínimo de infraestrutura e que não deveriam ter sido construídos naquele local. Mais recentemente tivemos a construção em cima do rio de um estacionamento de supermercado. Ou seja, erramos no passado, mas no momento recente continuamos errando. Tínhamos mais espaço de infiltração de água. E pergunto: vamos sair daqui com uma ação prática e mudar o formato do nosso Centro pra gente não ter tanta impermeabilização e cada comerciante, cada dono de calçada, retomar o projeto que a professora Adriane Matthes disse que funcionava? Vamos fazer isso? Vamos ampliar o rio? Mas pra isso eu vou ter que tirar lojas, vou ter que tirar estacionamento de supermercado, casas, muros. Se eu responder que isso não dá pra fazer, nós iremos querer que as coisas sejam resolvidas, ‘pero no mucho’ ”.