O assassinato de Aline Rosa da Silva, 30, e Tamy Caroline da Silva, 03, teve o envolvimento de magia negra e não ocorreu por motivação passional. É o que afirma a Polícia Civil de Poços de Caldas, que também apura se houve a participação de mais uma pessoa no crime.
Marcos Pedrilho, 22, matou a esposa e a filha na tarde de sábado (20) e se entregou à Polícia Militar durante a noite. Inicialmente, ele disse à PM que o motivo foi a traição da esposa e que a menina não seria sua filha . Porém, a hipótese foi descartada logo no primeiro depoimento à Polícia Civil.
“Ele falou que em momento algum desconfia da paternidade e hoje nós fizemos diversas oitivas dos familiares, tanto da parte do autor do crime quanto das vítimas, e nenhum deles afirmou que houvesse qualquer tipo de comentário nesse sentido”, informou o delegado Cleyson Brene em entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira (23).
Magia negra
Na casa do casal, que fica no bairro Santa Augusta, a Polícia Civil encontrou evidências de que o rapaz seria praticante de magia negra. Havia livros sobre o assunto e uma carta escrita com o próprio sangue.
Marcos frequentava o terreiro de candomblé onde o padrasto de Aline é pai de santo. Em depoimento, o suspeito falou que tinha um relacionamento homossexual com o pai de santo, conhecido como “Buiu”. A morte delas teria sido sugerida por uma entidade e instigada pelo padrasto. “Ele afirmou que teria um relacionamento homossexual com o pai de santo do terreiro, que é o padrasto da menina, e que estavam planejando fugir da cidade. Num primeiro momento, ele disse que uma entidade teria dito para ele se livrar das duas”, disse o delegado.
O duplo homicídio ainda pode ter sido um “presente” de Marcos ao padrasto da vítima, já que as mortes ocorreram no dia em que o pai de santo completou 36 anos. Os corpos foram encontrados com um pano na boca que, segundo depoimento do Marcos, seria para que os espíritos não fossem embora.
A investigação segue para definir se a magia negra foi apenas um elemento ou a motivação do crime. O suspeito, Buiu, foi ouvido e negou que tivesse incentivado o crime, assim como o relacionamento homossexual.
A carta encontrada na casa foi escrita após Marcos ter tentado o suicídio, há três anos. Em depoimento, ele disse à polícia que o pai de santo teria orientado para que se matasse com objetivo de salvar a vida da filha, que estava prestes a nascer. Na carta, de três páginas, ele diz que estava se matando por amor e que a Aline deveria cuidar do fruto do amor deles, que seria a criança.
Frieza
O delegado Cleyson Brene ainda destacou a frieza do autor após cometer o crime. Marcos chegou a fazer três postagens no Facebook durante a tarde de sábado, após as cinco horas. Na primeira ele escreveu: “Amo muito minha família”.
Em seguida, ele postou uma foto da mulher grávida, com a legenda “Que saudade desse barrigão”. Logo depois, publicou um álbum com fotos dos três juntos.
O casal comprou ingressos para o show do cantor Belo, que aconteceu no dia do crime, e teria combinado com a família de Aline para que cuidassem da menina. “Ele pegou o celular da vítima e mandou uma mensagem como se fosse ela, para o irmão, falando que não precisava mais buscar a criança”, informou o delegado.
Arrependimento
Durante a entrevista coletiva desta tarde, Marcos disse que está arrependido. “Sinto um peso enorme no coração, pela injustiça que eu fiz”, afirmou.
Mas a polícia não acredita no arrependimento. “Na primeira declaração ele disse que não tinha se arrependido e que teria matado como se tivesse matado um animal. Sem sentimento”, contou o delegado.