
“Só dele estar vivo, já é uma grande vitória”. A frase emocionada da cuidadora de idosos Joice Maria de Santana resume a trajetória de mais de seis meses de internação de seu filho, Kauã Oliveira, no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital João XXIII (HJXXIII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), em Belo Horizonte (MG).
O jovem de 24 anos foi vítima da explosão de um botijão de gás em abril deste ano, em Patos de Minas (MG), após acender um cigarro próximo ao equipamento. Ele ficou com 85% do corpo queimado, ou seja, um quadro considerado gravíssimo.
“O médico me disse que a chance dele sobreviver era baixíssima. Hoje, ver meu filho conversando e reagindo é um milagre. Só tenho a agradecer a Deus e à equipe do João XXIII”, relata Joice.
O atendimento inicial aconteceu no Hospital Regional Antônio Dias (HRAD). Em seguida, ocorreu a transferência de Kauã para o João XXIII, referência estadual no atendimento a grandes queimados. Lá, recebeu um tratamento inovador que foi decisivo para sua recuperação: a técnica Meek, padronizada desde abril pela equipe em casos de extrema gravidade.
De acordo com Kelly Araújo, coordenadora do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), o jovem é um exemplo de superação. “O Kauã chegou em estado muito grave, com queimaduras de terceiro grau em quase todo o corpo. A área sem queimadura era mínima. Com a tecnologia Meek, conseguimos expandir essa pequena área de pele não queimada, o que foi essencial para o processo de cicatrização da área afetada”, explica.
Técnica inovadora
O Meek é um equipamento que corta a pele do paciente em vários pedaços para ser fixada em curativos que se expandem, como uma “sanfona”. Assim, aumentam em até nove vezes a capacidade de cobertura da pele.
O Hospital João XXIII foi o primeiro do país a padronizar a técnica. Antes da adoção do método, as possibilidades de recuperação de pacientes com queimaduras tão extensas eram reduzidas.
“Com as técnicas tradicionais, a expansão da pele doadora era de até quatro vezes. Com o Meek, conseguimos multiplicar essa área, reduzir o número de cirurgias e acelerar o processo de reabilitação”, explica Kelly Araújo, coordenadora do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ).
Ao longo da internação, Kauã enfrentou momentos delicados, como infecções e complicações hepáticas. Além das cirurgias e enxertos, o trabalho de reabilitação foi essencial.
O fisioterapeuta João Paulo Brito, que acompanha o paciente desde o início, destaca a importância do trabalho multidisciplinar. “Kauã perdeu muita massa muscular e ficou muito tempo acamado. Fomos trabalhando o controle de tronco, o equilíbrio e a força, sempre respeitando os limites dele. Quando ele conseguiu sair pela primeira vez para ver o sol, foi um momento simbólico. Ele ficou feliz e ainda mais motivado a continuar lutando”.
A mãe, que acompanha o filho diariamente, lembra com gratidão cada avanço. “Só quero levar meu filho pra casa e agradecer a todos aqui por tratarem ele com tanto carinho. Se não fosse o Meek e essa equipe maravilhosa, não sei se ele estaria aqui”.
Fonte: Agência Minas








