Na última sexta-feira (30), o prefeito Sérgio Azevedo completou os seis primeiros meses de mandato em Poços de Caldas. A convite do Poços Já Política, o cientista político, mestre em administração pública, advogado, professor de ciência política e gestão pública, Camilo Oliveira, fez uma análise do governo. Quando provocado a resumir a gestão atual em uma frase, é convicto: “O governo tem apresentado vontade de realizar mudanças, tão desejadas pela população, mas continua preso a velhas práticas”.
Para iniciar, Oliveira faz uma breve avaliação sobre a crise financeira do município, que tomou forma nos últimos anos. A drástica redução na arrecadação e nas transferências do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), aliadas a aumento de despesas devido à criação de pisos nacionais, tem causado desequilíbrio nas contas públicas. “É esse cenário que impõe aos administradores fazer mais e com mais qualidade, porém, com menos recursos. A atual administração, mesmo sendo formada por servidores de carreira com ampla experiência, como o próprio prefeito, tem encontrado dificuldades em cumprir sua agenda e administrar a cidade. Essa é uma dificuldade de todos os municípios”, explica.
Oliveira acredita que este tempo inicial de governância seja mais que suficiente para que Sérgio ponha em prática medidas prometidas durante a campanha eleitoral, como a agenda de “choque de gestão”, eficiência na administração e transparência. “Seis meses foram suficientes para fazer todo o diagnóstico necessário, agora é a hora de efetivar as medidas e dar transparência a elas. Lembrando que a transparência, mais que um direito dos cidadãos, é necessária para o bom funcionamento da administração pública. O bom administrador é aquele que participa dos problemas da sociedade e discute essas questões com a população. Implementar uma política que amplie os mecanismos de participação social é um desafio que deve ser incorporado na agenda política da administração”, relata.
O cientista político ainda comenta sobre a escolha do secretariado municipal, que considera ponto positivo, pela experiência dos profissionais na administração pública.
Mudanças
Sobre as medidas que devem ser tomadas pelo Executivo a partir de agora, Oliveira pontua algumas das principais para o bom funcionamento da cidade. “No Turismo, por exemplo, Poços deve se reinventar e encontrar (dentre tantas características) sua identidade cultural. Discutir a necessidade da manutenção dos pontos turísticos é importante, mas o destaque maior deve ser a discussão das políticas públicas relacionadas ao turismo, de forma integrada e com a participação da sociedade. A reorganização do desorganizado trânsito deve avançar e não pode se valer da ‘experimentação’, mas, sim, de estudos concretos. A saúde, o ‘saco sem fundo’ de qualquer município, por existirem recursos finitos diante de problemas infindáveis, tem que valer-se da experiência de seus servidores e utilizar-se da estrutura que foi implementada nas últimas administrações. A saúde sempre é o foco dos gestores e não parece ser diferente com atual administração, apesar das dificuldades. Os bairros merecem a mesma atenção que se dá às praças centrais. Falta, não apenas a essa, mas à maioria das gestões municipais, uma agenda bem definida e articulada com os interesses sociais”.
Para finalizar, relembra que é necessário que o Executivo esteja sempre em parceria com a Câmara Municipal, onde o prefeito atualmente tem uma base forte, mas estritamente crítica. Ele também cita os vereadores de oposição, Maria Cecília Opípari e Paulo Tadeu, ambos do PT, que tem se mostrado “experientes no apontamento de correções das ações municipais”.