
A tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, causada pelas novas tarifas impostas pelo governo Trump a produtos brasileiros, ganhou um novo capítulo. Em meio às tentativas de negociação, os EUA demonstraram interesse nas reservas brasileiras de Elementos Terras Raras (ETRs), minerais estratégicos para a indústria global.
Quinta-feira (24), o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, reuniu-se com empresários do setor de mineração, representantes do governo e do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Durante o encontro, propôs um acordo para a exploração conjunta das reservas minerais brasileiras.
Além das ETRs, o Brasil possui grandes quantidades de nióbio, grafite, níquel, lítio, cobre e cobalto. Todos considerados cruciais para a transição energética e a economia verde. Atualmente, o país detém 19% das reservas mundiais de terras raras, mas participa com apenas 0,02% da produção global.
Processo complexo
As terras raras são essenciais na fabricação de turbinas eólicas, motores de carros elétricos e equipamentos eletrônicos. Apesar do nome, são relativamente abundantes, mas exigem um processo complexo de extração e refino. A China lidera o mercado, com cerca de 70% da produção e mais de 90% do controle sobre os ímãs produzidos com esses elementos.
No Brasil, projetos como o MagBras tentam reverter esse cenário. A maior planta-piloto da América do Sul, localizada em Lagoa Santa (MG), já testa a produção de ímãs permanentes feitos com neodímio, ferro e boro. O projeto reúne 28 empresas, entre elas WEG, Stellantis e Vale, além de sete instituições de pesquisa. O investimento total soma R$ 73,3 milhões.
Segundo especialistas, a produção nacional de ímãs fortalece a cadeia de valor da indústria elétrica e pode transformar o Brasil em protagonista da transição energética. Projeções apontam que a demanda interna por ETRs deve crescer seis vezes até 2034, passando de mil para mais de 6 mil toneladas ao ano.
(Fonte: Brasil61)