GRIPE AVIÁRIA | Governos e produtores temem prejuízos

A localidade de Lagoa Garzón, no Uruguai, fica a 160 quilômetros da fronteira brasileira. Essa é a distância que hoje separa o Brasil da gripe aviária. Entre novembro de 2022 e fevereiro deste ano, foi confirmada a contaminação de aves em quase todos os países da América do Sul. Brasil e Paraguai por enquanto não foram […]
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Risco de saúde para os seres humanos é pequeno, mas o prejuízo pode ser grande para economia (foto divulgação)

A localidade de Lagoa Garzón, no Uruguai, fica a 160 quilômetros da fronteira brasileira. Essa é a distância que hoje separa o Brasil da gripe aviária. Entre novembro de 2022 e fevereiro deste ano, foi confirmada a contaminação de aves em quase todos os países da América do Sul.

Brasil e Paraguai por enquanto não foram atingidos, mas a ameaça de que a doença chegue ao país foi o motivo de audiência pública realizada nesta quarta-feira (15) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com a presença de representantes dos produtores avícolas e de órgãos governamentais.

Vice-presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da ALMG e médico veterinário, o deputado coronel Henrique (PL) alertou para a importância dos próximos meses para definir se a ameaça se concretizará ou não. “Minha preocupação como médico veterinário é de saber que estamos entrando nesses meses de abril a maio que é o momento de maior risco, por ser o momento da migração das aves”, afirmou. As aves migratórias selvagens são o principal vetor que leva estes vírus de uma região para outra.

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Apesar de ser possível a contaminação de seres humanos pelo vírus da influenza aviária, isso é algo raro. O consumo de carne e ovos de aves não traz risco relevante e a transmissão para as pessoas ocorre apenas pelo contato prolongado com aves contaminadas. Por isso, o grande risco que a doença traz ao Brasil é econômico, uma vez que o país é o maior exportador de carne de frango do mundo.

De acordo com o vice-presidente do Comitê Estadual de Sanidade Avícola de Minas Gerais (Coesa/MG) Leonardo Ruiz, o setor avícola gera 4 milhões de empregos diretos e indiretos em todo o Brasil, sendo 350 mil deles em Minas Gerais.

Um exemplo do desastre econômico que a gripe aviária pode causar foi lembrado por Leonardo Ruiz. Em 2015, os Estados Unidos foram atingidos por um grande surto. “Para vocês terem uma ideia do impacto nos Estados Unidos, no setor da indústria, o prejuízo foi de US$ 2 bilhões”, afirmou.

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Minas é o terceiro maior produtor de ovos do país e o maior exportador desse produto. Além disso, Minas Gerais ocupa a sexta posição entre os Estados no abate de frango. Em 2022, de acordo com o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) Feliciano Nogueira de Oliveira, Minas Gerais faturou US$ 336 milhões com a venda de carne de frango, 40% a mais do que em 2021.

 

Produtores privados

Durante a audiência pública, os órgãos governamentais do Estado e também o Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento (Mapa) fizeram um relato das providências para prevenir a chegada da gripe aviária no Brasil. Todos ressaltaram a importância do engajamento dos produtores privados nesse esforço, inclusive das famílias que tem pequenas criações de aves.

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O diretor técnico do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) Guilherme Costa Negro Dias convidou grandes e pequenos produtores a utilizarem um serviço criado pelo órgão: um canal de notificação de casos suspeitos por meio de WhatsApp, pelo número (31) 98598-9611.

Em 2022, segundo Guilherme, o IMA realizou 1.564 ações de vigilância e quase 500 ações para verificação de notificações suspeitas. Em 2023, uma das prioridades é um estudo soroepidemiológico em avicultura de subsistência com o objetivo de comprovar que Minas Gerais é uma área livre da gripe aviária.

 

Problema vai chegar

Entre os representantes dos produtores, o superintendente de Relações Institucionais da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) Altino Rodrigues Neto elogiou os planos de contingência dos órgãos governamentais.

Segundo ele, a Faemg já vem lançando mão de recursos do Fundo de Emergência Sanitária (Fundesa), criado há três anos para financiar ações de prevenção a surtos de zoonoses que ameacem a atividade econômica. De acordo com o Altino, o fundo conta hoje com R$ 23 milhões capitalizados por meio de recursos tributários em um acordo com o setor público.

O superintendente Federal de Agricultura e Pecuária em Minas Gerais do Ministério da Agricultura Marcílio de Sousa Magalhães defendeu ajustes e atualização da legislação sanitária. Em sua opinião, as leis em vigor apresentam regras, mas não preveem punição e, por isso, nem sempre são seguidas. Segundo o superintendente, o país já vive um clima de guerra porque sabe que a gripe aviária vai chegar, só não sabe quando. (Fonte: ACS ALMG)

 

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