Secretaria de Educação quer implementar salas multisseriadas em escola rural; comunidade protesta

Medida da gestão do secretário Marcus Lemos na Escola Carmélia de Castro é classificada como "retrocesso" 
PUBLICIDADE

A implementação de salas de aula multisseriadas na Escola Municipal Professora Carmélia de Castro, localizada na zona rural de Poços de Caldas, tem gerado forte reação da comunidade escolar. A decisão, que partiu da Secretaria Municipal de Educação, sob gestão do secretário Marcus Lemos, coloca alunos de séries diferentes em uma mesma sala sob a responsabilidade de um único professor.

Em manifestação que ganhou força nas redes sociais, pais e responsáveis pelos alunos manifestaram indignação com a medida. “É lamentável ver que a Secretaria de Educação decidiu implementar salas multisseriadas. Colocar crianças de séries diferentes na mesma sala prejudica o aprendizado, sobrecarrega professores e compromete o futuro de quem já enfrenta tantos desafios pela distância e pela falta de investimento”, diz trecho de um dos protestos.

PUBLICIDADE

Pedagogos e especialistas consultados pela reportagem corroboram parte das preocupações. “O modelo multisseriado impõe desafios enormes ao professor, que precisa planejar aulas e atividades distintas simultaneamente, e pode limitar o desenvolvimento pleno de cada estudante”.

PUBLICIDADE

 

Secretaria de Educação 

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação de Poços de Caldas, solicitando um posicionamento oficial sobre os motivos que levaram à adoção do modelo multisseriado, quais recursos de apoio foram disponibilizados aos professores e se há um plano para reverter a situação.

Em nota a pasta explica que entende a preocupação das famílias. “Garantimos que as turmas multisseriadas não representam retrocesso, mas uma prática comum e reconhecida nas escolas do campo no Brasil. O trabalho com grupos favorece a colaboração, respeita o ritmo de cada estudante e desenvolve autonomia”. E acrescenta: Em escolas rurais a multisseriação amplia a interação entre pares. Nesse formato, o professor realiza planejamento diferenciado, atendendo cada ano com atividades específicas e acompanhamento individualizado. Esse modelo já funciona com sucesso em outras escolas rurais da rede e em escolas de primeiro mundo”.

Finalmente a secretaria diz que, a convivência entre idades distintas fortalece habilidades socioemocionais, pensamento crítico e autonomia, sem prejuízo ao desempenho acadêmico. A BNCC continua plenamente assegurada, e a Secretaria oferece suporte pedagógico constante aos docentes.

Ainda conforme a Secretaria, “esse tipo de organização é utilizado em países referência em educação e reconhecido por órgãos como a Unesco e pela LDB para contextos de baixa densidade populacional. Não há perda de qualidade: há adequação responsável à realidade da zona rural, com foco no direito das crianças à interação, ao convívio e a uma educação que valoriza cada estudante”.

Por fim, uma reunião está marcada para a próxima quarta-feira (19) com a comunidade, autoridades políticas e pedagógicas.

PUBLICIDADE
Mais Poços Já
PUBLICIDADE
Don`t copy text!