O cineasta e pesquisador Igor Avelar, em parceria com a Escola Criativa Idade, dedicou os últimos quatro meses a inspirar duas turmas de alunos do ensino fundamental e do ensino médio a produzirem seus próprios vídeos e fotografias. O jovem cineasta formado pela Universidade São Judas Tadeu, de Santos-SP, e pós-graduado com especialização em Comunicação Corporativa pelo Senac-SP, é ex-aluno da escola. Os trabalhos serão expostos nesta quinta-feira (27), às 11h.
Os encontros foram pensados primeiro para sensibilizar o olhar, a leitura de mundo e entrelaçar as artes com o dia a dia dos alunos. “Isso significa muito para que os estudantes possam incorporar às suas vidas um pouco de tudo o que a imagem e o som, e os conceitos que os envolvem, refletem em suas atitudes como cidadãos conscientes e participativos”, comentou Avelar.
Ao longo do processo foram desenvolvidos temas livres escolhidos pelos alunos, atividades externas aproveitando os espaços públicos de Poços de Caldas. E debruçando sobre técnicas de luz, roteiro, linguagem e qualidade visual. A comunicação por imagem e som está por toda parte, então a partir da relação das pessoas com a forma e ideias é possível uma interação mais eficaz e consciente.
“O Cinema é minha paixão desde a infância. Poder compartilhar a história do audiovisual em diferentes épocas, países, linguagens, e encontrar nesses estudantes o desejo de aprender e provocar mudanças é uma grande alegria e a certeza de que podemos fazer mais”, contou o cineasta.
Consumo de imagens
Segundo ele, a partir do contexto atual, de hiperestímulo e hiperconsumo de imagens, por meio da televisão, das redes sociais, streaming, smartphones e, principalmente, da inteligência artificial generativa é muito importante um projeto de letramento midiático. “E letramento digital, ambos estão atrelados, já que o universo digital é feito por imagens ou vídeos. Saber ver um filme, uma propaganda, um vídeo e ter um olhar crítico sobre o que está sendo apresentado cria a diferença entre o que se consome e o que se produz.
Nas aulas foi apresentado um repertório vasto, muitos curtas-metragens no caso da Oficina de Cinema. E muitas fotos de diferentes autores do mundo, com uma exposição técnica, mas também social, política e filosófica. No sentido de pensar em como aquela obra foi construída, a partir da montagem. “Trabalhamos a percepção de que a imagem parte de um contexto, toda foto é um autorretrato, é o olhar do autor sobre o mundo. A foto não surge apenas, é a escolha do fotógrafo, de olhar com a sua perspectiva. Portanto, diz muito mais sobre o autor do que o registro em si.”
Alunos
Os alunos fizeram muitas fotos que depois foram mostradas em sala de aula, nos debates, também puderam aprender técnicas de luz, de enquadramento, composição, temáticas. Na Oficina de Cinema, em todas as aulas os estudantes foram estimulados a escrever seus curtas. Era a oportunidade de serem ouvidos e entender como percebem o mundo ao seu redor. “O foco principal não foi a técnica, de como fazer um filme, mas como pensar uma história, como fazer um bom roteiro. Já que é a partir de um bom texto que se tem um bom filme. Assim buscamos criar uma ponte entre a história do Cinema, como surgiu, e os dias atuais. Como é o consumo e ainda como influenciar nossa visão de mundo, levantando o debate sobre o que queremos construir como cinema e como fotografia.”
Os estudantes responderam bem à proposta. “Participar das aulas de fotografia foi uma experiência incrível e muito importante para o meu aprendizado. Gostei muito de cada encontro e pude descobrir um novo olhar sobre o mundo ao meu redor. Aprendi conceitos essenciais, como diferentes ângulos para compor uma boa foto, a importância da iluminação e como ela pode transformar completamente uma imagem. Além de várias técnicas que nunca imaginei que fariam tanta diferença. Essas aulas despertaram minha criatividade e meu interesse pela fotografia e me motivaram a continuar praticando e explorando esse universo”, disse a aluna Maria Luiza de Carvalho Sousa Bertozzi.
“As aulas da oficina de cinema ministradas pelo professor Igor durante este semestre inteiro foram excelentes! Conhecemos sobre a história do cinema e a teoria que existe no meio cinematográfico, além também de aprendermos a escrever um roteiro e a gravar um curta! Todo esse processo foi acompanhado com a didática maravilhosa e o carisma do Igor! Estou extremamente contente com os resultados que tivemos”, disse o aluno Pedro Dantas.
Entendimentos
“O olhar crítico sobre a imagem e não somente como arte ou experimento leva a uma nova forma de viver a vida. Entender o cinema e a fotografia de forma crítica é entender a nossa sociedade, construída a partir de imagens. Sendo assim o consumo midiático deveria ser matéria obrigatória nas escolas. Fazemos escolhas todos os dias em nossas vidas baseadas no que nos é apresentado, menos pelo conteúdo e mais pela forma”, concluiu o cineasta.
