
O projeto Centro Multiusuário de Ciência e Tecnologias Aplicadas à Mitigação de Estresses Ambientais (CMT-AMB), desenvolvido por pesquisadores da UNIFAL-MG com articulação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), vai receber R$ 11,3 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), via Finep. A proposta foi a primeira colocada entre 59 submissões na linha “Transição Ecológica”. E representa o maior aporte de recursos da história da universidade em editais de pesquisa.
O centro vai atuar em áreas consideradas estratégicas para o sul de Minas, especialmente Poços de Caldas. O município abriga uma das maiores jazidas de elementos de terras raras do país. Com a instalação do CMT-AMB, pesquisadores poderão avaliar toxicidade de rejeitos minerais e agrícolas, desenvolver nanomateriais. E ainda criar tecnologias para tratamento de água e solo e produzir bioestimulantes e biofertilizantes guiados pelo conceito de economia circular.
Segundo o coordenador científico do projeto, professor Thiago Corrêa, do Instituto de Ciências da Natureza (ICN), o centro deve gerar “insumos agrícolas sustentáveis, redução de passivos ambientais, formação de profissionais qualificados e oferta de serviços técnicos especializados”.
Poços de Caldas no eixo das terras raras
O professor Gian Paulo Giovanni Freschi, do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) do Campus Poços de Caldas, reforça o papel central da região no avanço nacional sobre terras raras. Ele lembra que o município possui reservas importantes. E que o processamento desse material “ainda é um desafio mundial, abrindo espaço para tecnologias inovadoras desenvolvidas localmente”.
O pesquisador explica que o projeto inclui o desenvolvimento de Redes Metal-Orgânicas (MOFs) baseadas em elementos de terras raras. Produzidas com energia de micro-ondas — tecnologia reconhecida pelo Prêmio Nobel de Química deste ano. Os MOFs podem ser aplicados na remediação ambiental, em sistemas de liberação controlada de fármacos e na bioquímica vegetal.
Integração regional e pesquisa de ponta
O CMT-AMB integra pesquisadores de cinco unidades acadêmicas — Fanut, FCF, ICB, ICN e ICT — com apoio do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (Icsa), em Varginha. A pró-reitora de pesquisa e pós-graduação, Vanessa Marques, destaca que o projeto é exemplo de articulação institucional alinhada às diretrizes nacionais de CT&I.
O projeto recebeu 21 cartas de apoio internas, evidenciando o caráter colaborativo da proposta, algo elogiado pela Finep durante a avaliação. Ao final, a UNIFAL-MG alcançou nota 4,944, dividindo o primeiro lugar entre 224 propostas nacionais.
Para Vanessa, a conquista reforça o papel da instituição — e especialmente do campus de Poços de Caldas — na agenda de sustentabilidade e inovação.
“A articulação ampla demonstra que somos capazes de apresentar projetos robustos, competitivos e alinhados às necessidades do país”.








