
O Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente da região Sul-Oeste de Poços de Caldas apresentou, na Câmara Municipal, o relatório semestral referente ao período de 1º de janeiro a 30 de junho de 2025. O documento faz um comparativo com os dados do segundo semestre de 2024. E ainda mostra uma realidade preocupante no atendimento a crianças, adolescentes e suas famílias.
Violência crescente
De acordo com o levantamento, o número de crianças e adolescentes atendidos caiu de 579 em 2024 para 544 em 2025. Já o atendimento a famílias passou de 503 para 444 no mesmo comparativo. Apesar da redução, as violações registradas cresceram de 755 para 1.963 casos.
Entre os principais autores identificados, houve queda nos registros envolvendo genitores e genitoras, mas aumento expressivo nos casos atribuídos a familiares próximos. Que subiram de 37 para 118. A violência sexual também apresentou crescimento, de quatro para 12 ocorrências.
Violações
As principais violações apontadas no relatório incluem abandono intelectual (de 55 para 211 casos), falta de diálogo (de 176 para 211), agressões físicas e psicológicas (de 61 para 167) e alienação parental (de 22 para 34). Em contrapartida, houve queda em abandono físico e afetivo (de 43 para 6) e em negligência e maus-tratos (de 45 para 10).
Outro ponto destacado pelo Conselho é a falta de vagas em creches (CEIs). Somente entre janeiro e julho de 2025, 42 famílias procuraram o órgão em busca de vagas na região Sul-Oeste, contra 24 no mesmo período do ano passado. A carência de estrutura impacta diretamente o desenvolvimento infantil e a rotina das famílias.
O relatório também aponta falhas estruturais que dificultam a atuação do Conselho. Como a ausência de fluxo definido para atendimento de adolescentes autores de atos infracionais, a não implantação do Sistema de Informações para Infância e Adolescência (Sipia). E também a falta de assessoria técnica prevista em lei e a carência de segurança na sede do órgão.
Medidas
Para enfrentar os desafios, o Conselho Tutelar sugere medidas como a implantação de mais unidades de contraturno escolar e socioeducativas na zona Oeste e a criação de novos Cras na região.
Segundo os conselheiros, o crescimento constante de Poços de Caldas exige mais investimentos em políticas públicas voltadas à infância e adolescência. O órgão reforça que a prioridade absoluta a esse público precisa ser assegurada, conforme prevê a legislação.