
Uma linha de pesquisa iniciada há mais de duas décadas no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pode revolucionar o tratamento de lesões na medula espinhal. Utilizando uma proteína derivada da placenta humana, cientistas brasileiros desenvolveram um método inovador que demonstrou resultados altamente positivos na regeneração de áreas danificadas da medula.
A tecnologia, batizada de polilaminina, foi idealizada pela bióloga Tatiana Sampaio. E tem como base a repolimerização da laminina, uma proteína naturalmente produzida pelo corpo e essencial para o desenvolvimento e manutenção do sistema nervoso central. Ao contrário de abordagens como o uso de células-tronco, essa técnica se destaca por ser mais acessível, estável e de fácil aplicação clínica.
Entenda como funciona a polilaminina
A laminina, em seu estado natural, atua na organização dos tecidos nervosos e na indução do crescimento axonal – os prolongamentos dos neurônios responsáveis por conduzir os impulsos elétricos. No entanto, para que ela atue de forma terapêutica, precisa estar em estado polimerizado, o que a torna funcionalmente ativa.
O composto resultante, a polilaminina, se mostrou capaz de reverter lesões recentes na medula espinhal. E, em alguns casos, recuperar integralmente a mobilidade dos pacientes tratados. Nos estudos clínicos conduzidos em hospitais do Rio de Janeiro, indivíduos que haviam sofrido traumas entre 24 horas e três dias antes da aplicação demonstraram recuperação parcial ou total dos movimentos comprometidos.
“A natureza já produz essa proteína no desenvolvimento do sistema nervoso; nós apenas a imitamos”, explicou Tatiana, coordenadora do laboratório responsável pela pesquisa.
Avanço científico com apoio público e privado
A pesquisa ganhou tração com o apoio da Faperj e a colaboração da farmacêutica Cristália, que investiu R$ 3 milhões no projeto. E ainda firmou contrato para apoiar a produção e os testes clínicos da substância. Com isso, a expectativa é que o medicamento possa estar disponível para a população em até dois anos, dependendo da autorização da Anvisa.
(Fonte: https://www.tempo.com/ e UFRJ)