
Os chamados anos finais do ensino fundamental – que compreendem o 6º, 7°, 8º e 9º anos – são considerados uma etapa escolar peculiar. Eles enfrentam desafios próprios ao reunir os estudantes que estão na transição da infância para a adolescência. Para subsidiar a criação da primeira política nacional voltada para esta etapa, foi lançada nesta terça-feira (9) uma pesquisa. Ela ouviu mais de 2,3 milhões de estudantes em 21 mil escolas do país.
Os resultados apontam que mais da metade dos estudantes se sente acolhida pela escola. No entanto, menos de 40% dizem respeitar e valorizar o professor.
O estudo é fruto de uma parceria do Ministério da Educação (MEC), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social. A pesquisa aconteceu durante a Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas. A mobilização engajou o equivalente a 46% das instituições de ensino que oferecem os anos finais nas redes municipais, estaduais e distrital em todo o Brasil.
Pesquisa
As percepções dos alunos, colhidas em questionários e dinâmicas coletivas, foram divididas em dois grupos. Os alunos mais novos, do 6º e 7º ano, e os mais velhos, do 8º e 9º anos. Apesar da pouca distância de idade, é possível encontrar importantes contrastes entre as respostas.
A pesquisa buscou identificar a opinião dos alunos sobre a escola, conteúdos para desenvolvimento pessoal, e atividades essenciais para o futuro. Também investigou formas de aprendizagem, convivência, entre outros. De forma geral, estudantes dos 8º e 9º anos têm uma visão menos positiva sobre a escola. Isso se compara aos do 6º e 7º anos.
Acolhimento
No quesito “acolhimento e pertencimento”, 66% dos mais jovens disseram que se sentem acolhidos pela escola. Em contraste, 27% veem a experiência como parcial e 7% discordam. Já entre os mais velhos, apenas 54% sentem-se amparados. Além disso, 33% se consideram “mais ou menos” acolhidos e 13% discordam.
Na mesma temática, 75% dos estudantes dos 6º e 7º anos afirmaram que confiam em pelo menos um adulto na escola. Entretanto, apenas 58% sentem-se verdadeiramente acolhidos por esses adultos. Entre os do 8º e 9º anos, o percentual de acolhimento cai para 45%.
A pesquisa destaca que, em escolas com maior proporção de estudantes em situação de vulnerabilidade, 69% percebem a escola como espaço de acolhimento. Isso contrasta com 56% em contextos de menor vulnerabilidade.
Socialização
Ao investigar como os alunos se sentem em relação aos relacionamentos e à socialização na escola, 65% dos estudantes dos 6º e 7º anos concordam que a escola favorece amizades e interações sociais. Por outro lado, 29% consideram “mais ou menos” e 6% discordam. Para os do 8º e 9º anos, 55% concordam. Além disso, 35% avaliam como “mais ou menos” e 10% discordam.
O relatório destaca ainda que oito em cada dez estudantes (84% nos 6º e 7º anos e 83% nos 8º e 9º anos) têm amigos com quem gostam de estar na escola. No entanto, o estudo alerta para os desafios na relação aluno-professor. Apenas 39% dos mais novos e 26% dos mais velhos afirmam respeitar e valorizar os professores.
Formação
Sobre os conteúdos e conhecimentos que consideram mais importantes para o seu desenvolvimento, os estudantes mais novos citaram as disciplinas tradicionais (48%). Em seguida, vem a categoria corpo e socioemocional (31%), que inclui temas como esportes, bem-estar e saúde mental. Na sequência aparecem as chamadas habilidades para o futuro (21%). Isso inclui educação financeira e tecnologia, seguida pelo tema “direitos e sustentabilidade (13%).
Entre os alunos do 8º e 9º anos, as disciplinas tradicionais são apontadas por 38% como muito importantes para o desenvolvimento. Ainda, tem a dimensão corpo e socioemocional (29%), habilidades para o futuro (24%) e direitos e sustentabilidade (13%).