
O número de motoristas que trabalham por meio de aplicativos para transporte de passageiros cresceu 35% no período de 2022 a 2024 no Brasil. Enquanto o aumento dos entregadores foi de 18%.
Atrativos
O crescimento dos rendimentos, a flexibilidade da jornada e a competitividade da remuneração em relação a outras ocupações são fatores que tornam a atividade uma alternativa atrativa para muitos profissionais. Isso segundo o estudo do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que acaba de realizar a pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas: Painel de acompanhamento dos motoristas e entregadores parceiros (2ª onda)”.
Renda
Os dados demonstram que a renda líquida média dos motoristas por apps em 2024 variam entre R$ 3.083 a R$ 4.400 por mês para quem dirige 40 horas semanais. Isso representa ganhos de R$ 19 a R$27 por hora, já descontadas estimativas de custos e incluindo variação no tempo de espera por corridas. No caso dos entregadores, a renda líquida mensal para jornada similar ficou entre R$ 2.669 e R$ 3.581, o que corresponde de R$17 a R$22 líquidos por hora.
Os valores ficam acima ao salário mínimo no período de realização da pesquisa (R$ 1.412 por mês ou R$ 6,42 por hora). E também são superiores à renda média observada pelo IBGE para trabalhadores do setor de serviços com ensino médio completo (R$2.392). Nível de escolaridade mais prevalente em ambas as categorias.
Impactos
Segundo a pesquisa do Cebrap, a única no país a partir dos registros administrativos das empresas, há atualmente 2,2 milhões de motoristas e entregadores atuando por meio de aplicativos no Brasil. Sendo 1.721.614 motoristas e 455.621 entregadores.
Com base neste universo de trabalhadores, a Ecoa Consultoria Econômica desenvolveu estudo para avaliar os impactos econômicos no caso de eventual decisão que altere a natureza jurídica da atividade. Determinando vínculo empregatício de entregadores e motoristas com aplicativos em todo o Brasil. O resultado seria um aumento de custo das empresas e da carga tributária. O que elevaria o preço médio das viagens para o consumidor em 34%. E das entregas em 26%.
A elevação dos valores levaria a uma redução estimada na demanda por serviços de transporte de pessoas da ordem de 31% e de 43% nas solicitações de entregas. O impacto para os profissionais, por sua vez, seria uma queda dos postos ocupacionais. Podendo chegar a 52% para motoristas e 82% para entregadores. Com potencial redução dos ganhos líquidos em pelo menos 10%, segundo os cálculos da Ecoa.
Nova realidade
Os estudos do Cebrap e da Ecoa foram encomendados pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec). A entidade reúne as maiores plataformas em operação no país. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (25) em Brasília. Para o diretor-executivo da Amobitec André Porto, os resultados demonstram uma nova realidade nas relações de trabalho na qual os profissionais optam pela flexibilidade e autonomia. Ao mesmo tempo em que obtêm ganhos reais na remuneração.
“Defendemos a regulamentação do setor para oferecer maior proteção social para os profissionais, assim como segurança jurídica para as empresas. Consideramos que qualquer iniciativa deve ter avaliação cautelosa. Observando as particularidades do modelo de negócio e os benefícios econômicos e sociais gerados pela tecnologia”, afirma Porto.
(Fonte: https://amobitec.org/)