A compra de veículos pela internet tem deixado grandes prejuízos em Poços de Caldas. Compradores estão sendo lesados por estelionatários que usam anúncios legítimos para ludibriar as vítimas.
O caso mais recente foi registrado na terça-feira (5), mas a vítima conseguiu recuperar parte do valor. A mesma sorte não teve outro comprador, que perdeu quase R$ 83 mil no mês passado.
O advogado Maykel Flamarion de Assis está trabalhando nesse segundo caso e procurou o Poços Já Cidade para explicar como é a dinâmica do crime. Ele relata como seu cliente tentou se cercar de informações e mesmo assim foi enganado, além de ter tido dificuldade na relação com o banco, na tentativa de bloquear o valor depositado.
A vítima foi atraída pelo anúncio de uma camionete Hilux foi colocada à venda em um site por R$ 82 mil. Ao entrar em contato, a vítima seguiu todos os procedimentos possíveis, solicitando fotos do veículo e do documento, além de informações que assegurassem da existência do produto. O vendedor era da cidade de Bacabau, no Maranhão, por isso a vítima solicitou que um amigo, morador daquela cidade, avaliasse as condições do veículo e resolvesse todas as questões burocráticas junto ao cartório para realizar a transferência.
A compra parecia garantida, mas entre o real vendedor e o comprador existia um estelionatário. “Foram cinco dias de negociação, até que ficou acertada a venda, foi realizada a transferência da documentação do veículo e a vítima realizou o depósito do valor, na conta de uma mulher, que seria a esposa do vendedor. Ficou acertado que o veículo ficaria em um pátio privado naquela cidade, para posteriormente ser trazido para Poços”, explica o advogado.
Os transtornos começaram no dia seguinte. O dono do veículo ligou para a vítima informando que iria pegar a camionete de volta porque não tinha recebido o pagamento. “Só então descobrimos o golpe, possivelmente feito de dentro de um presídio, onde o estelionatário usava os dados do verdadeiro proprietário, imagens, vídeos e documentos para repassar á vítima e dar credibilidade a negociação”, explica o advogado.
Com o golpe descoberto, a vítima e o advogado tentaram diminuir os prejuízos. O depósito foi feito no dia 15 e já no dia 16 pela manhã a vítima procurou a agência bancária e não conseguiu que nenhum funcionário bloqueasse os valores da conta. “O dinheiro já tinha sido movimentado. Segundo um funcionário, o estelionatário teria feito uma transferência de R$ 20 mil, e feito compras no débito, tendo ainda R$ 53 mil em conta”, explica. “O problema é que esse valor não foi bloqueado, mesmo com as normas do Banco Central que diz que a vítima de fraude deve entrar em contato com o banco para que este faça o bloqueio da conta fraudulenta”, acrescenta.
Com a ajuda do advogado, a vítima se reuniu com seu gerente. Enquanto tentavam resolver o problema, os criminosos fizeram saques e compras, deixando a conta sem dinheiro. “Agora vamos ingressar com uma ação em face dessa pessoa (estelionatário) e com responsabilização do banco, que não atendeu o pedido e não minimizou as perdas”, esclarece.
Caminhão à venda
O caso registrado nessa semana envolveu dois empresários, de 29 e 26 anos, que procuraram a Polícia Militar e contaram uma história parecida. Os dois se interessaram por um caminhão à venda em um site, no valor de R$ 125 mil, e acertaram através de aplicativo de mensagens o pagamento de R$ 65 mil em dinheiro, mais uma camionete.
As vítimas eram de Brasília (DF) e vieram até a cidade para concluir o negócio, com o cunhado do vendedor, que os receberia. Já em Poços os empresários se encontraram com um homem, no bairro Jardim dos Estados, que informou estar ciente do caso, e foram juntos ao cartório e depois ao banco. Como o movimento de pessoas no banco era grande, as vítimas foram orientadas pelo estelionatário, que se fazia de vendedor, a efetuar transferências bancárias para uma conta do Banco do Brasil.
Foi após a negociação que os empresários e o homem com quem estavam descobriram o golpe. O verdadeiro dono do caminhão se negou a ir ao cartório, alegando que esperava o dinheiro ser creditado em sua conta bancária, e disse que estava negociando a venda do caminhão para o estelionatário pelo valor de R$ 191 mil.
As vítimas perceberam ter caído em um golpe e foram imediatamente ao banco para cancelar as transferências. O gerente conseguiu bloquear parte do dinheiro em diversas contas, mas outra parte já havia sido sacada.
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