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Poços de Caldas

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Consternados, ainda consumimos Cultura

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Começo com estes escritos uma série de ensaios ainda sem nome, escrevendo sobre minhas mais absolutas certezas dos bons resultados reunidos no ato, quase bastardo, de empreender a Cultura na esfera pública.

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Mas antes sinto a necessidade de explicar um motivo, a força motriz de tal processo narrativo.

“Abre alas pra minha folia, já está chegando a hora. Apare os teus sonhos que a vida tem dono, e ela vem te cobrar. A vida não era assim, não era assim. Não corra o risco de ficar alegre pra nunca chorar. A gente não era assim, não era assim”. (Ivan Lins)

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Vivemos no Brasil mais um episódio de consternação pública frente os devaneios da austeridade econômica proposta por uma bancada dominante no congresso, liderada pelo presidente Michel Temer: a Reforma da Previdência e a não perspectiva da aposentadoria. As ruas e praças tornam-se palco desta consternação em uma contundente forma de revolta popular marcada como evento, no Facebook e na vida lá fora, com hora pra começar e acabar. Saúdo cada e qualquer espírito bravo de luta pelos nossos direitos e consternações coletivas. Sou um destes. Mas é importante falar dos eventos enquanto força motriz para estas palavras.

Habitamos o espaço rua, ambiente público e por si só democrático, eventualmente, enquanto todo o resto do tempo estamos inseridos em uma cultura de mercado. Acordamos, levantamos, consumimos, trabalhamos, consumidos voltamos prontos para dormir – satisfeitos por um dia a menos do mês a ser consumado.

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Estamos no mercado e dele vivemos, dependentes, entrelaçados, como que sustentando uma parede pendente. Se pararmos de escorá-la, por um evento que seja, ela vai cair. Não nos sobra tempo para nos consternar, para lutar, a não seja que tenhamos horário para começar e acabar. Vivemos a vida pública apenas se esta é medida em eventos, ciclos pequenos de vivência coletiva. Em todos os outros casos, vivemos o mercado e dele dependemos, individual e coletivamente. Sobrevivemos uma sobrecidadania. A vida não era assim.

Por isso irei saudar algumas práticas, agora já imerso absolutamente no campo da Cultura, que nos remetem a viver ou ao menos vivenciar cotidianamente (e sem hora para acabar) a esfera pública, nas dimensões simbólica, econômica e cidadã.

Empreender a Cultura na esfera pública não é para amadores. Nunca foi, no Brasil, e acho que nem no restante da América Latina. Somos um país continental consumado pelo capital, que dita diversas tendências vitais, inclusive nossa cultura latina e o afastamento dela. Somos mais globais do que latinos em nossas produções culturais. A gente não era assim.

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O mercado globalizado, ambiente no qual estamos inseridos pelas nossas escolhas passionais, profissionais e comportamentais, nos limita a um só campo de visão: empreender no capital. Aquele tempo que nos permite empreender a Cultura na rua, nas praças, nos prédios públicos, na vida das outras pessoas, fora de uma lógica capital regida pelo lucro – marca principal do mercado – é um tanto utópico e por vezes socialmente encarado como um processo ingênuo, utópico, infantilizado. Mas qual o processo cultural que não nos permite passar por uma densidade sonhadora como a da nossa infância? Arrisco dizer que um só: o falsificado.

É por este motivo que dedico meus próximos escritos, quinzenalmente nesta coluna, a citar e ensaiar sobre tentativas – passionais, profissionais e comportamentais – de empreender a Cultura na esfera pública. Irei tomar exemplos de Poços de Caldas, parcerias técnicas com a Prefeitura, espetáculos e aulas em praça pública, para refletirmos juntos a possibilidade de viver a amplitude da nossa relação cultural com a cidade para além do lucro e do mecenato.

Falarei da esfera pública como universo a ser explorado e participado, ambiente fértil para ideias que nos permite compreender que é tempo de viver mais. Ideias como essa, sem valor de mercado. Deste meu engenho de dentro, para despertar outras mil: de cada engenho pessoal e de aparência vil.

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“As ideias das pessoas são pedaços da sua felicidade”. (Shakespeare)

*Renan Moreira (renan.mgouvea@gmail.com) é gestor cultural poços-caldense, atua no Coletivo Corrente Cultural e com projetos culturais na Prefeitura de Pouso Alegre. Está a ler Mia Couto, autor de ensaios moçambicanos imperdíveis.

 

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