Sentados no sofá da sala e saboreando a tradicional pipoca, ligamos o vídeo de nossa memória para assistir cenas da última temporada de nossa própria história e que até já se tornou uma série. (Vai passar na Netflix?).
Com o controle nas mãos, apertamos o play de “2016”.
Nas primeiras imagens, revemos o elenco que dividiu com a gente centenas de tomadas. Podemos ver muitas pessoas com quem já estivemos contracenando em outras temporadas, e que, de repente, saíram de cena, sem que compreendêssemos a razão. Como seguir em frente sem aquela personagem tão importante para a nossa história? Como, se ainda tínhamos tanto a dizer, tanto a fazer, tanto a sonhar? Como acreditar no final feliz, no “felizes para sempre”, no “friends forever”?
A vida, por vezes, é drama.
Seguindo o filme, imagens de pessoas que compartilharam sorrisos e abraços com a gente, nas festas em família, nos papos de bar, nas viagens. Selfies no face e no book de nossa história. A alegria da amizade nos ilumina a face.
A vida, por vezes, é comédia.
Aceleramos a sequência das cenas. Revemos imagens daquela personagem que no primeiro contato nos parecia ser mero figurante e que, ao longo da história, se tornou peça fundamental em muitos de nossos momentos. Incrível. Hoje não dá mais para imaginar a continuidade do enredo sem ela. Fomos surpreendidos pelo imprevisível.
A vida, por vezes, é suspense.
Revemos, também, cenas grotescas de muitos “atores” que se apoderaram de Câmaras grande angulares, interferindo em nossa história, e, com fusão e muitas vezes em off, desfocaram e realizaram cortes que prejudicaram o nosso roteiro. Quanta corrupção, quantos desmandos, quanta mentira.
A vida, por vezes, é terror.
Mas, de repente, muda a trilha sonora, alteram-se as imagens e o que vemos? Uma criança brinca no jardim, mãos se tocam em uma mesa de jantar, flores e um lindo cartão chegam em plena segunda feira. Gestos de carinho. Um toque, um olhar, um beijo. O amor está no ar.
A vida, por vezes, é romance.
O filme chega ao seu final e a pipoca também. Muitas perguntas surgem. Fomos fiéis ao roteiro? Seguimos as orientações do diretor? Fomos protagonistas ou mero coadjuvantes? Vilões e/ou mocinhos?
Agradecidos, vemos a claquete anunciando mais uma temporada. Uma nova oportunidade nos é dada pra gente ser feliz e fazer os outros felizes. Nos sobra a consciência de que o roteiro será sempre de nossa responsabilidade e o resultado, fruto de nossas próprias escolhas. Aguardamos confiantes que o diretor estará torcendo para a nossa atuação ser brilhante e a nossa história um sucesso de bilheteria. Assim será.
Feliz 2017!
* Wiliam de Oliveira é jornalista, professor universitário, escritor, palestrante e consultor de marketing empresarial.