
Será realizada, no próximo sábado (27), uma passeata contra a culpabilização das mulheres vítimas de violência. O protesto é motivado pelo duplo homicídio que aconteceu no último fim de semana em Poços de Caldas, com a morte de uma mulher de 30 anos e sua filha, de três.
A manifestação é organizada pela página do Facebook “Moça, Você é Machista” e pelo Coletivo Feminista Jaçanã Musa dos Santos, com início às 14h, na ponte do Terminal de Linhas Urbanas. Uma das moderadoras da página, Andrea Benetti, conta que é comum ouvir comentários que culpam as mulheres dos crimes cometidos contra elas. “Ou a mulher traiu, ou era interessada em dinheiro, ou não era boa esposa. Em muitos casos isso convence o júri”.
De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no estudo “Violência Contra a Mulher: Feminicídios no Brasil” uma mulher é assassinada a cada uma hora e meia. Andrea, que também é professora, observa que ocorre uma mudança gradual no pensamento dos adolescentes. Principalmente porque disciplinas como artes, filosofia e sociologia ajudam a quebrar opiniões neste sentido.
Porém, essas questões carecem de políticas públicas eficientes. “Quando a gente leva casos de estupro, ainda tem a questão ‘é a roupa, ela mereceu, quem mandou ela entrar no carro?’ Essa geração é muito mais aberta na questão da sexualidade, mas em relação ao machismo ainda tem a culpabilização da vítima”.
O crime
Aline Rosa da Silva foi estrangulada pelo marido na tarde de sábado (20). Em seguida, a filha Tamy Carolina da Silva foi morta da mesma forma. Marcos Pedrilho, 22, procurou a Polícia Militar durante a noite para confessar o crime. Ele alega que a esposa teria confessado uma traição, e que a menina não seria sua filha.
O crime aconteceu em uma casa do bairro Santa Augusta. Marcos ainda disse à PM que tentou comprar uma arma para se matar, mas não encontrou nenhuma. Os corpos estavam na casa, cobertos com um lençol, e foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) de Poços de Caldas.