Sempre li a respeito de Kafka e sempre o admirei. Não tanto pela sua obra, que pouco conhecia até uns 12 anos atrás, mas talvez por me identificar com algumas coisas de sua vida. Filho mais velho, se formou em direito e exerceu durante um tempo a profissão; mais por vontade de seu progenitor do que da própria. Se envolveu com várias mulheres, das quais três o marcaram profundamente, e de uma quarta chegou a noivar por duas vezes.
Como escritor, nunca teve a aprovação paterna. Vários motivos foram levantados durante décadas: inveja, identificação negada, descaso. A verdade é que a verdade nunca virá à tona. A maior verdade ainda é que Franz Kafka não se deixou abater e escreveu pérolas que ficaram para a posteridade.
Dois exemplos disso são ‘Contemplação’ e ‘O Foguista’, que ganhei certa vez de um conhecido/amigo. Vale muito a pena ler principalmente ‘Contemplação’, que é a primeira obra do autor, escrita em 1903. É fantástica a maneira como Kafka nos mostra a diferença entre olhar, ver e contemplar. Sem dúvida nossas vidas seriam diferentes se, antes de tomarmos decisões precipitadas, pudéssemos contemplar situações, pessoas e fatos como nos mostra o autor austro-húngaro.
Ah!, você não sabe o que é contemplar? Leia Franz Kafka!
*Rodrigo Lee é músico e grande admirador da obra de Franz Kafka.