Jornalista inicia financiamento coletivo para publicar livro sobre autismo

Literatura
Livro é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso da jornalista Gabriela Bandeira (foto: divulgação).

Ao final da entrevista, a arquiteta Karen Neves, de 39 anos, conta que reviver essa história é doloroso. Depois de passar por cerca de dez médicos e por uma angústia difícil de descrever, que só as mães conhecem, ela finalmente conseguiu um diagnóstico para a filha Nina, hoje com seis anos: Transtorno do Espectro Autista.

Karen e Nina são as personagens que deram origem ao livro ‘Singularidades – um olhar sobre o autismo’, escrito por Gabriela Bandeira, jornalista e repórter do Poços Já. A mãe dela, que é babá, cuidou da Nina ainda bebê e levou para casa experiências que fizeram a jornalista se envolver aos poucos com a causa.

A arquiteta ressalta que a iniciativa é nobre, já que pode ajudar a enfrentar o preconceito vivido pelos autistas e suas famílias. “A Nina nunca é chamada para ir à casa de ninguém, os amiguinhos não se relacionam com ela igual se relacionam com os outros. Eu achei fantástico o projeto dela porque vem de uma pessoa que não tem um autista na vida dela. Ficou muito legal o trabalho dela, mas mexe muito com a gente. Tinha dia que eu dava depoimento e ficava arrasada”.

https://www.youtube.com/watch?v=13RBrsLl1Vw

Financiamento coletivo

O livro, que é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da jornalista, conta histórias de crianças, adolescentes e adultos autistas. Agora, com a necessidade de apoio para que seja publicado, é objeto de um financiamento coletivo que começa no próximo domingo (2) e poderá ser acessado neste link.

Financiamento coletivo começa no próximo domingo (2).

Quem ajudar vai receber brindes como camisetas, canecas, cartões postais e ímãs de geladeira, entre outros. A meta é arrecadar R$26 mil. “Esse dinheiro vai ser gasto na produção do livro e finalização do vídeo-documentário que estou produzindo sobre o assunto, além da  confecção de brindes e pagamento de algumas taxas.Se atingirmos a meta em 90 dias, todos recebem os prêmios. Caso contrário, o dinheiro é devolvido aos doadores” explica a autora.

Além da publicação do livro, parte do valor arrecadado será doada a três instituições: a Apae de Teresópolis (RJ), que tem um projeto que auxilia no tratamento de autistas severos, mas que está parado por falta de recursos;  a Oficina dos Menestréis, em São Paulo (SP), que tem quatro projetos sociais com autistas, pessoas com Síndrome de Down, cadeirantes, deficientes visuais e idosos; e para o neurocientista Alysson Muotri, que pesquisa causas e tratamentos para o autismo.

A jornalista e professora Carmem Aliende, que orientou o TCC apresentado em 2016, lembra com prazer deste período. “Ela começou a pesquisa em 2013, chegou com tudo pronto. Como orientadora, fiz um trabalho mais de condução, de adaptação da linguagem, que é tudo que um orientador mais gosta de fazer”.

Gabriela sabe que a luta para combater o preconceito e informar sobre autismo é grande, mas também tem consciência de que faz um trabalho que muito contribui nessa direção. “Percebi que eles têm uma maneira diferente de ver e compreender o mundo. Mas estão aqui com a gente, precisam de um pouco mais de ajuda. Se puder colaborar para que pessoas passem a entender e respeitar os autistas, eu já fico feliz. Acho que é a maior recompensa que eu poderia ter”, conclui.

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