Primeiras impressões de uma jovem poços-caldense na Hungria

Cultura
angélica na hungria
Angélica Thomaz – Jornalista, 23 anos – Está trabalhando em um projeto social em escolas húngaras pela AIESEC, ONG de intercâmbios sociais (Foto: Arquivo Pessoal)

Há duas semanas cheguei em Budapeste, maior cidade da Hungria, para realizar um intercâmbio social. Meu trabalho é  ministrar workshops sobre a cultura brasileira em seis escolas de ensino médio.  Conto aqui minhas primeiras impressões desta experiência.

Hungria se destaca

Logo de cara, o que mais chama a atenção é a eficiência do transporte público. Você compra um ticket mensal e utiliza ônibus, metrô e trem o quanto quiser. A pontualidade é de impressionar a qualquer brasileiro, acostumado à regra do atraso. Em qualquer parada de ônibus é possível saber o exato horário que determinada linha passará ali e pode-se saber todo o trajeto, sem necessidade de ficar perguntando a outras pessoas. Não há catracas para entrar em nenhum dos transportes, somente fiscais, de vez em quando.

As ruas são mais seguras. De alguma forma, você não anda com medo de ser assaltado, cada cidadão é na sua e ninguém parece se interessar pelo o que você está carregando.

Os brechós, conhecidos como “second-hands”, ou “segunda mão”, em português, vivem lotados e não é vergonha nenhuma para ninguém adquirir uma roupa semi-nova. É possível fazer ótimos negócios.

Os supermercados são muito mais baratos que no Brasil, desta maneira podemos comprar os produtos de necessidade básica sem a sensação de estar sendo roubado.

Porém, ainda assim, o húngaro parece reclamar, principalmente da qualidade do sistema do transporte. Mas pra gente que já viu coisa pior, pode perceber o quanto eles choram de barriga cheia. Por outro lado, penso que talvez esse seja o segredo. Por eles não estarem satisfeitos, as coisas parecem estar em constante melhoria. E sou otimista em dizer que o brasileiro aos poucos está assimilando isso, aprendendo a não engolir mais os sapos de governos de gestões ineficazes. Talvez porque ainda sejamos um país jovem. Um cientista social saberia com certeza explicar melhor tal questão, mas tendo em vista as atuais reações da população brasileira frente à política de circo, acredito que nossa passividade tende a diminuir, mesmo que a passos de formiga.

Ponto para o Brasil

Por outro lado, a pátria amada ainda leva a melhor em alguns quesitos. Em pouco tempo aqui, percebi que o brasileiro é mais prestativo, mais aberto e se desdobra para a ajudar o estrangeiro em seu país. Já o húngaro nem tanto, é desconfiado, pode até te ajudar, mas não vai parar o que está fazendo com muito bom humor para tentar achar a solução para um problema que é seu. Lógico que não são todos e vale registrar aqui que muitos são muito simpáticos e amáveis.

Ambas se equiparam

Jovem é jovem em qualquer lugar. A primeira escola onde estou trabalhando, a Tüskevár, não se difere em nada às escolas brasileiras. Professor explica a matéria, alunos enfileirados, um aluno rebelde faz piadas, a turma ri, uma menina fala alto, três alunos se interessam pela aula, vários mexem no celular e assim por diante. Além disso, o sistema de educação como um todo, a falta de valorização do professor e o sistema de ingresso na faculdade de ambos países se parecem bastante.

Bom, por enquanto estas são as observações que gostaria destacar desta experiência incrível que é a imersão em outra cultura. Até então aprendi que o caminho é continuar insatisfeito, mas sem perder o bom humor, carisma e coração de brasileiro.

 

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