Este é um ano histórico para a revista Seleções Carnavalescas. Após a pausa forçada durante a pandemia de covid-19, agora a publicação comemora a marca de 70 anos. Além disso, em 2023 ocorre o centenário do fundador da revista, Décio Alves de Morais.
O ano era 1952 e turistas de todo o país vinham a Poços de Caldas para aproveitar a festa. Seu Décio, ao lado do amigo Alexandre Xandó, percebeu a oportunidade e criou um guia de bolso com as marchinhas que embalavam os bailes.
Desde então, a revista passou por muitas fases. Em 1963 foi considerada utilidade pública, por meio de uma lei sancionada pelo prefeito Agostinho Loyolla Junqueira. Na década de 1970, Décio notou que as marchinhas perdiam espaço e passou a publicar os sambas-enredo do Carnaval carioca.
Daí em diante, com uma colaboração cada vez mais efetiva de Rossmaly Borges, jornalista, fotógrafa e filha de Seu Décio, a Seleções continuou mudando. Com uma cobertura intensa e detalhada do Carnaval de Poços, a revista registrou por décadas tudo que acontecia nesta época do ano.
As escolas de samba, os reis momos, as rainhas e princesas, os grandes bailes, os concursos, o Banho à Fantasia, a Charanga. Eventos, personagens e histórias que foram e são contados ano a ano. Tudo registrado pelo olhar de Rossmaly, nas páginas da Seleções.
A revista é distribuída gratuitamente durante o Carnaval. Nas páginas desta edição, os foliões vão encontrar uma reportagem com a atriz Nany People, que conta histórias da folia, e as informações sobre o Carnaval local, entre outros assuntos.
décio alves de morais
Era assim que ele gostava de assinar: com letras minúsculas. Humilde e visionário, Seu Décio é o maior nome do jornalismo poços-caldense.
O empresário e jornalista faleceu em 2018, aos 95 anos, deixando um grande legado. Décio iniciou a militância na imprensa em 1941, como correspondente da revista Esporte Ilustrado. Por mais de 30 anos, representou na cidade os periódicos Gazeta Esportiva, Folha de São Paulo, Folha de Minas e Correio da Manhã, além de colaborar com veículos como A Justiça, O Eco e o Combate.
Além da Seleções, fundou diversas publicações, entre elas os jornais Folha de Poços (1954), Gazeta do Sul de Minas (1957), Jornal da Mantiqueira (1974), o qual fundou junto de Luiz Nassif, Sérgio Manucci, Rovilson Molina e Vitor de Carvalho, e Bate Papo (1999), que criou com os filhos Rossmaly e Richard.
Também foi um dos fundadores da Associação Sulmineira de Imprensa (ASI) e teve importante atuação na área gráfica. Ele trouxe a primeira clicheria para Poços, em 1957, e em 1963 iniciou as atividades da Gráfica Sulminas.
Apaixonado pela Caldense, o jornalista possuía um vasto acervo de fotos de esportes e da história da cidade. Com este material, publicou os livros Memórias em preto e Branco, Memórias em Preto e Branco II, Memórias do Esporte e Coletânea.
Décio chegou a servir o Exército e por pouco não lutou na Segunda Guerra Mundial. Logo após o fim do conflito ele se casou com Araceles Moya de Morais, em um casamento que durou até 2017, quando a esposa faleceu. O casal teve três filhos (Rossmaly, Rozângela e Richard), nove netos e nove bisnetos.
A arte imita a vida
Em 2004, Décio viveu um dos momentos mais representativos de sua importância para o Carnaval de Poços. Ele foi a grande inspiração para o enredo da escola de samba Mocidade Independente da Vila.
Do início ao fim do desfile, a Mocidade representou diversas facetas do jornalista: a carreira como repórter, o acervo fotográfico histórico, o fundador da Seleções, o torcedor fanático pela Caldense, o marido romântico, o homem apaixonado por Poços de Caldas. A bateria homenageou os pracinhas e lembrou a passagem de Décio pelo Exército.
Quer saber como foi o samba-enredo? A Seleções te mostra!
DÉCIO ALVES: HOJE É CARNAVAL!
Letra e música: Cléber, Robson e Pacão
Pra sacudir, pra sacudir!
Meu coração, vem bateria
Faz a explosão, a mocidade é paixão
Aplausos, Décio Alves de Morais
A lembrança se faz, na mais bela coleção
Imagem e emoção o artista vem mostrar
Sorria! Hoje tem flash no ar
É linda minha Cidade das Rosas
Cantada em verso e prosa
Um sonho a revelar
Nossas águas, nosso Cristo Redentor
Poços de Caldas, seu retrato de amor
ÔÔÔ amor, poesia e paixão
Amor forma de um só coração
Cassinos, época de ouro
Que não volta mais
Ô abre alas que vão passar
Marchinhas e os grandes carnavais
Olha, vem a Veterana
Vem tocando a bola
E no Carnaval o Brasil deita e rola
Cultura em várias partes do mundo
Pra viajar um segundo
Cada foto tem a sua história
Mocidade faz da arte
Um retrato na memória
