Neste domingo (25) é celebrado o Dia do Imigrante. Por isso, durante a última semana Poços Já produziu a Série “Destino: Poços de Caldas”. Aqui no Divirta-se, vamos aproveitar o tema para falar da culinária internacional na cidade. Para começar, salmão cru, alga marinha e arroz japonês (também conhecido como gohan). Estes três elementos são essenciais quando se trata da culinária japonesa, mas não são somente eles que criam os alimentos que muitos de nós, brasileiros, aprendemos a amar com o passar do tempo.
Claro que os restaurantes japoneses que temos no Brasil são bem diferentes do no Japão, mas os cuidados no preparo da comida são os mesmos. É o que conta Lucas Decat, do restaurante Chy. “A maior dificuldade é manter o peixe fresco, com toda certeza. Isso exige dedicação, exige um custo que muitos empreendedores não estão dispostos a assumir, porque o mais fácil é congelar o peixe do que, de fato, manter ele fresco. É mais oneroso, porém, o resultado final é completamente diferente”, explica.
Desde que foi criado, em 2011, o Chy oferece quatro tipos de comidas: chinesa, tailandesa, vietnamita e japonesa. A última tem um cardápio totalmente diferente do tradicional. Segundo Lucas, as criações são da própria casa e foram incluídas depois de muitos testes. “É impossível a gente manter as origens de como é feito lá no Japão. Até porque, para o paladar do brasileiro, não se adaptaria. Alguns lugares preferem colocar elementos mais brasileiros como bacon, frango, cheddar, eu não. A gente opta por outras vertentes que mantenham a essência, mas sempre mudando uma coisa ou outra que combina com o paladar do brasileiro. Uso uma pimenta diferenciada, algum salgadinho, gengibre e raspa de limão. Dentro dessas variações, a gente fez vários testes até chegar no cardápio que temos hoje”.
Invenções brasileiras
Um dos pratos mais apreciados pelos brasileiros é o temaki, uma espécie de sushi em formato de cone. Os ingredientes são basicamente os mesmos: alga, arroz japonês e salmão. Mas a culinária brasileira se reinventou e criou uma mescla de ingredientes que podem ser acrescentados à receita. No Chy, os temakis podem vir com Doritos, Pringles, cream cheese, lâminas de amêndoas, entre outros. Só que engana-se quem pensa que foi só isso que nós, brasileiros criativos, inventamos. A tradição de comer temaki em restaurantes e temakerias também foi criada aqui.
A receita até existe no Japão, mas é costume que seja feita e degustada dentro de casa. Raramente em restaurantes, apesar de existirem alguns que a servem. Os pratos ficaram conhecidos por volta do século XIX, quando os quiosques de sushi se tornaram populares em Edo, cidade que posteriormente se tornaria Tóquio, capital do Japão. Como os quiosques eram os restaurantes mais populares na época e viviam sempre cheios, muitos clientes não conseguiam se aproximar do balcão para saborear os sushis. Para não perdê-los, os sushimans enrolavam o sushi em cones feitos de algas e entregavam às pessoas. Esta foi a forma que os estabelecimentos encontraram de garantir que o alimento pudesse ser saboreado mesmo sem os hashis, famosos pauzinhos japoneses que servem como talheres. Já no Brasil, a receita surgiu na década de 1980.
Além disso, uma série de outras gostosuras que comemos por aqui não são costume no Japão. Comecemos pelo cream cheese, o ingrediente tão usado nos restaurantes japoneses no Brasil. Tem também os hot rolls doces, com manga, banana, goiabada, geleia de maracujá ou chocolate, os sashimis com peixes de água doce e muitas outras invencionices que são só nossas. Claro que nada disso é errado, afinal de contas apenas adequamos as receitas japonesas ao nosso paladar.
Outro hábito dos brasileiros que causa estranheza aos japoneses é a utilização do molho de soja, conhecido como Shoyu. Enquanto nós mergulhamos as peças em uma tigela de shoyu, eles molham apenas uma pontinha do peixe, sem encostar no arroz. Acredite ou não, no Japão é considerado desrespeitoso colocar molho de soja no arroz. E aí, você encararia sem?
