Você procura por atividades culturais como forma de lazer? Quantas vezes, por falta de companhia, foi sozinho ao espetáculo de dança ou à exposição de fotografias? E por quantas vezes deixou de ir, pela falta da mesma companhia?
Pois, acredite, essas questões são mais comuns do que imagina. Certa vez, conversando com amigos, vários deles me disseram que não consideram ir ao cinema como “sair”, que se não forem a outro lugar depois do filme ficam com aquela sensação de que faltou algo. Outra vez, com dois ingressos para um grande espetáculo à mão, ouvi de um amigo que convites ao teatro se fazem apenas para quando se está afim de alguém.
Os dois exemplos acima servem para ilustrar a percepção da dificuldade que é ter companhia para atividades artísticas. Entenda, se o filme não é dos Transformers, a exposição não é da Turma da Mônica e o teatro não é standup do Maurício Meireles, a probabilidade de acabar sozinho com dois ingressos na mão são grandes.
Claro que estou generalizando. Por muito tempo frequentei as sessões de cinema alternativo da Reserva Cultural, em São Paulo, e era muito comum encontrar pessoas solitárias e confortáveis com isso. Eu mesmo, com o passar do tempo, também fui me acostumando a ir ao circo ou ao museu comigo mesmo.
Recentemente fui ao Inhotim, o maior museu a céu aberto da América Latina. Localizado em Brumadinho, próximo de Belo Horizonte, trata-se de um oásis da arte contemporânea fora do eixo Rio-São Paulo. A visita àquele lugar foi sensacional e, obviamente, eu estava sozinho.
Confesso que convites não faltaram, mas tenho aprendido que há certas vantagens em vagar por aí em torno da arte. Primeiro, e muito importante no caso de Inhotim, é que você pode traçar sua própria rota, à sua maneira. Segundo, no caso de qualquer museu ou exposição (do Louvre a uma mostra de quadrinhos), você pode gastar o tempo que quiser em determinadas obras.
Contudo, este texto não pretende ser uma lista enumerando as vantagens de ir sozinho a esses lugares. Tão pouco quer ser um apelo desesperado por companhia (antes que você comece a cantar “All by myself” em minha homenagem). Apenas digo que há boas experiências estando sozinho, igualmente como há estando acompanhado. E não é preciso ir tão longe para se experimentar as vantagens de ter alguém para conversar sobre arte.
No caso de Poços de Caldas, há exposições novas constantemente no Instituto Moreira Salles (Casa da Cultura) e na galeria Ampliart. Não apenas, o município também oferta trabalhos regulares no Complexo Cultural da Urca, além da mostra permanente do Museu Histórico e Geográfico. Todos com entradas gratuitas, mas sem mediadores ou monitores para fornecerem informações sobre o que se vê.
Por isso, lanço aqui uma proposta para você, que não frequenta as exposições da sua cidade, mas que o faria caso tivesse companhia: vou com você ao museu. Sim, quero interagir com quem aprecia arte e deseja trocar percepções diversas sobre o que é vivenciado num espaço expositivo.
Acredito que certamente teremos muito a acrescentar na visão de mundo um do outro, na medida em que compartilhamos nosso repertório adquirido por meio de múltiplas vivências. Sendo assim, além de companhia, por que não sermos mediadores do conhecimento um do outro?
Em suma, penso que esse projeto pode ser uma pequena contribuição para conectar educação e arte a algo em falta no mundo offline: presença. E aí, vamos ao museu?
Guilherme Garcia (gui.com.soc@gmail.com) é proponente do projeto “Vou com você ao museu”. Entre em contato para mais informações.