O mês de junho é marcado pela campanha Junho Violeta, que chama a atenção da população para o ceratocone, uma doença ocular progressiva, pouco conhecida, mas potencialmente grave. A iniciativa foi criada em 2018 pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) com o objetivo de ampliar o conhecimento da sociedade sobre a enfermidade, suas causas, sintomas e formas de tratamento.
Apesar de pouco conhecido pela população em geral, o ceratocone é uma condição grave que pode afetar severamente a qualidade de vida dos pacientes. A doença provoca o afinamento progressivo da córnea, membrana transparente localizada na parte frontal dos olhos, que perde sua forma arredondada natural e assume um formato cônico. Essa deformidade altera a forma como a luz entra nos olhos, causando distorções visuais, visão embaçada, sensibilidade à luz, múltiplas imagens (fantasmas) e agravamento de miopia e astigmatismo.
Segundo a SBO, o ceratocone atinge aproximadamente uma em cada duas mil pessoas, podendo surgir ainda na adolescência e progredir até os 30 ou 40 anos. Apesar de afetar indivíduos em todo o mundo, suas causas ainda não são totalmente compreendidas. No entanto, fatores como predisposição genética, alergias oculares e o hábito de coçar os olhos de forma frequente são apontados como gatilhos para o desenvolvimento e agravamento da doença.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por meio de um exame oftalmológico completo e, principalmente, com o apoio de uma tomografia de córnea, que permite ao médico observar alterações na curvatura e na espessura corneana. O exame é indolor e não invasivo.
O tratamento do ceratocone depende do estágio em que a doença se encontra, da idade do paciente e de possíveis doenças oculares associadas. Em casos leves, o uso de óculos de grau ou lentes de contato rígidas pode ser suficiente para corrigir a visão.
Já em situações mais avançadas, outras alternativas são indicadas:
• Crosslinking: procedimento que utiliza colírio de riboflavina (vitamina B2) e radiação ultravioleta para fortalecer as fibras de colágeno da córnea, impedindo a progressão do ceratocone;
• Implante de anel intracorneano: inserção de um pequeno anel dentro da córnea para regularizar sua curvatura e melhorar a qualidade visual. O procedimento é reversível, ajustável e de recuperação rápida;
• Transplante de córnea: indicado apenas em casos mais graves, quando há comprometimento acentuado da estrutura corneana e perda significativa da visão.
Independentemente da forma de tratamento, o acompanhamento contínuo com um oftalmologista especializado é fundamental para garantir a estabilidade do quadro e evitar complicações mais severas.
O Junho Violeta surge como uma oportunidade de informar a população sobre um problema de saúde pública ainda pouco debatido, mas que tem crescido em incidência nos últimos anos. Por isso, a campanha reforça a necessidade de incluir a consulta oftalmológica na rotina de cuidados com a saúde e de buscar atendimento especializado ao menor sinal de dificuldade visual.