
Na última segunda-feira (9), a equipe de ortopedia da Santa Casa de Poços de Caldas realizou, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um procedimento raro e complexo. Uma desartrodese do quadril, também conhecida como reversão de artrodese. A cirurgia foi conduzida com sucesso pelos ortopedistas Dr. Edmilson Reis e Dr. Luis Henrique Carlini. E devolveu a mobilidade ao quadril de um paciente que há mais de 40 anos vivia com a articulação completamente rígida.
O paciente sofreu um grave trauma em 1983, quando uma tora de madeira caiu sobre seu quadril. À época, foi submetido a uma artrodese. Essa cirurgia consiste na fusão óssea da articulação, impedindo seu movimento. A indicação era considerada adequada, especialmente por se tratar de um paciente jovem com fratura grave. No entanto, com o passar dos anos, surgiram complicações: dor lombar, claudicação, desequilíbrio postural e grandes limitações funcionais no dia a dia.
Mobilidade
A decisão pela desartrodese foi tomada após criteriosa avaliação. O procedimento visa restaurar a mobilidade da articulação por meio da implantação de uma prótese total de quadril. “A cirurgia correu bem, dentro do esperado. Conseguimos fazer a artroplastia total. Há mais de 40 anos esse paciente não conseguia dobrar o quadril. Na sala de recuperação, depois da anestesia, eu pedi para ele dobrar a perna direita. Ele conseguiu e se emocionou. Foi muito gratificante”, relatou o Dr. Edmilson Reis.
De acordo com o Dr. Luis Henrique Carlini, o caso representou um grande desafio técnico. “Na cirurgia de desartrodese, perdemos todos os parâmetros anatômicos para a reconstrução com prótese total. É um procedimento incomum e complexo. Mas, graças a Deus, correu tudo bem. Em breve, esse paciente poderá voltar a realizar atividades que estavam há muito tempo impossibilitadas”.
Indicação
A desartrodese do quadril tem indicação em casos específicos, como dor nas articulações adjacentes à artrodese, dificuldade funcional grave, fusão óssea em má posição, infecções previamente resolvidas. Ou quando há insatisfação com a qualidade de vida. Trata-se de uma cirurgia de alta complexidade, com riscos aumentados de complicações, como lesão nervosa e necessidade de enxertos ósseos. Além de recuperação funcional variável.
Mesmo diante de tantos desafios, a Santa Casa mais uma vez se destacou pela excelência técnica e pelo cuidado humanizado. Promovendo – através do SUS – um reencontro entre um paciente e um movimento perdido há quatro décadas.